Vampiros da Netflix no Palácio de Queluz

Vampiros da Netflix no Palácio de Queluz


Depois das gravações da Guerra dos Tronos em Monsanto, no mês passado, foi a vez dos vampiros invadirem Portugal. Uma produção estrangeira da Netflix, filmada no Palácio de Queluz e na Graça, mostra que Portugal é um país cada vez mais atrativo para as grandes produções cinematográficas.


Um palácio, nevoeiro, um grande aparato e muita curiosidade. É certo e sabido que Portugal tem características que atraem turistas de todo o mundo. Seja o clima, a comida, os preços baixos, as paisagens ou os monumentos. Contudo, ao que parece, o país não atrai apenas os turistas que procuram momentos de lazer. São cada vez mais as produções internacionais que escolhem o território nacional como cenário.

Depois da escolha de Monsanto, aldeia histórica em Idanha-a-Nova, para a rodagem da primeira prequela do universo criado por George R.R. Martin, A Guerra dos Tronos – House of the Dragon – no mês passado, graças aos seus imponentes castelos, grutas misteriosas e rochas gigantes, é a vez de os vampiros invadirem Portugal. O Palácio de Queluz serviu, até ontem, de cenário para as gravações de uma próxima produção da Netflix que incluirá dentes afiados e sangue fresco.

Apesar de ainda não ter sido divulgado oficialmente, as tendas, os camiões e as roulottes não passaram despercebidas entre os habitantes daquela cidade do concelho de Sintra. E quem está atento às redes sociais dos artistas estrangeiros, mais precisamente ao Instagram do ator e produtor Craig Stevendon, com certeza que já havia percebido que as últimas fotografias publicadas na sua conta têm como pano de fundo Colares, em Portugal.

Numa das fotografias, o artista encontra-se sentado nas escadas que dão acesso à sua roulotte, utilizada como camarim nas filmagens. Perto da porta, lê-se num papel “Dane Zekl”, nome do personagem que representará na produção, que será baseada num dos seis romances da série de fantasia urbana sobre vampiros, escrita pela autora norte-americana, Richelle Mead, intitulada Vampire Academy.

Adaptações do livro para os ecrãs A história do primeiro livro já foi adaptada para os cinemas no ano de 2014, em Academia de Vampiros: O Beijo das Sombras, com a atriz norte-americana Zoey Deutch como protagonista. A história desenrola-se na St. Vladimir’s Academy, um internato muito diferente daqueles que conhecemos – um lugar escondido onde os vampiros são educados nos caminhos da magia e os adolescentes meio-humanos treinam para protegê-los. Rose Hathaway é uma Dampir, guarda-costas da sua melhor amiga Lissa, uma princesa vampira Moroi (na obra original, as criaturas noturnas são dividias em três categorias: Moroi, Strigoi e Dampir).

Em outubro, foi anunciada pela plataforma de streaming Peacock a gravação de uma série baseada na mesma história. Do elenco farão parte J. August Richards, Sisi Stringer, Andrew Liner, Daniela Nieves, entre muitos outros.

Fim das filmagens Em qual dos livros se baseará a produção da Netflix rodada em Sintra ainda não é certo. Contudo, as gravações já terminaram.

Se no domingo passado o aparato era indisfarçável, com os residentes a tentarem adivinhar de que produção se trataria, ontem o atmosfera estava cinzenta como o tempo. Já com poucos carros e as tendas em fase de desmontagem. “As gravações terminaram e também passaram pela zona da Graça”, admitiu ao i uma fonte da produção que se encontrava no local. “Participaram cerca de 15 atores estrangeiros e 200 figurantes portugueses”, adiantou. Segundo a mesma fonte, Portugal tem sido um país que tem captado cada vez mais interesse por parte das produções estrangeiras. Neste caso, a escolha deveu-se principalmente “ao clima e à luz da cidade”. Os baixos custos de produção são outro trunfo evidente. “É muito mais barato trabalhar aqui, do que no centro de Paris, por exemplo. As produções americanas têm uma grande apoio logístico. Não olham a gastos, mesmo que depois sobre dinheiro. Obviamente que isso é muito bom para as empresas portuguesas”, revelou o membro da produção.

Outras produções filmadas em Portugal Já em 1969, o realizador Peter Hunt havia percebido a “magia” das paisagens portuguesas, rodando grande parte do filme 007 – Ao Serviço de Sua Majestade em Lisboa, Estoril, Sesimbra, Palmela e Guincho. O ator australiano George Lazemby, que nessa altura dava vida ao famoso Bond, hospedou-se no Hotel Palácio no Estoril. Embora não seja um dos filmes mais aclamados da saga, deixou como marca precisamente a sua localização – até porque fora no Estoril que vivera e se movimentara o espião sérvio Dusko Popov, que inspirou Ian Flemming a criar o 007. Lazemby regressou ao Estoril em maio de 2019 para assinalar a estreia da obra há 50 anos.

Outra grande produção, ainda no século passado, trouxe Meryl Streep, Jeremy Irons, Glenn Close, Wynona Ryder e António Banderas ao país: A Casa dos Espíritos, uma adaptação do romance de Isabel Allende pelo realizador Bille August. Apesar de a história se passar nos Andes, a maior parte das filmagens foi feita entre Lisboa e Vila Nova de Milfontes, no Monte das Três Marias.

Mais recentemente, o Comboio Noturno Para Lisboa, filme lançado em 2013, voltou a trazer Jeremy Irons à capital portuguesa, para interpretar o papel de um professor suíço em busca de pistas sobre um enigmático livro escrito no período da ditadura de Salazar.

Mais recentemente, a aclamada série espanhola Casa de Papel, da Netflix, escolheu as ruas de Lisboa para as filmagens das memórias da sua protagonista Tokyo, na quinta e última temporada da série. No ecrã é possível ver o Elevador da Bica, uma recriação de festa de Santos Populares no Bairro Alto, e também em Cacilhas, no restaurante Ponto Final.