Os partidos com assento parlamentar que nos últimos anos têm estado fora da solução governativa, usufruíram, durante grande parte desse tempo, de lideranças relativamente estáveis.
No maior deles, o atual presidente, Rui Rio, ocupa o cargo há perto de 4 anos.
Com eleições a 30 de janeiro de 2022, seria de esperar que passado este tempo, a sociedade portuguesa estivesse absolutamente consciente quanto à visão de futuro e propostas de implementação, que a autodenominada preparação para primeiro-ministro que Rui Rio reclama, deveria acarretar. Infelizmente é visível a falta desse desígnio. Não apresentou projeto consolidado, não apresentou uma ideia de inovação e desenvolvimento, não comunicou uma visão de Portugal a 5, 10, 15 e 20 anos. Não inspira nem confiança nem desígnio. Não está nem nunca estará preparado para enaltecer a função.
Quando de uma forma errática, o candidato que se autoavalia preparado para primeiro-ministro, fala constantemente daquilo que reclama não se dever falar, demonstra nos atos a fragilidade e a falta de rigor que nos últimos anos demonstrou consigo carregar. Ao eventual candidato reconheço o autoelogio, a indelicadeza no trato, a fobia persecutória, o cinzentismo ideológico e a incoerência. Um problema no lugar de uma solução.
É urgente, a bem da Nação, que se retire, quanto antes, o poder ao Clã Sócrates, gabarolas e incompetente, mas convinha fazê-lo com uma proposta eclética, competente e inovadora. Caso contrário constitui mais do mesmo, e os portugueses andam saturados de adiamentos e oportunidades perdidas.
Os portugueses precisam de um candidato a primeiro-ministro que tenha:
1. uma visão quanto ao posicionamento estratégico de Portugal em contexto europeu e mundial a 20/30 anos (como fizeram a Alemanha e o Japão na sequência da II Guerra Mundial);
2. a capacidade de alinhar ensino básico, secundário e superior, centros de I&D, empreendedores e investidores na condução e conquista dessa visão;
3. a capacidade de clarificar o papel do estado e implementar com rigor as necessárias reformas no funcionamento e modernização da administração pública;
4. a vontade em terminar com o fascismo fiscal a que empresas e indivíduos foram sujeitos nos últimos anos;
5. a capacidade de visionar o melhor sistema de ensino para os jovens portugueses garantindo que estão preparados para um mundo mais global e crescentemente digital;
6. a capacidade de transformar o processo na justiça de modo a garantir a rapidez que o conceito de justiça eticamente consigo carrega;
7. a capacidade de revisão das relações laborais e empresarias para as trazer dos anos 1970 para os anos 2040;
8. que consiga visionar e projetar a nossa economia oceanográfica e aeroespacial;
9. que consiga visionar a criação de riqueza, a implementação de políticas de civismo e a eliminação da pobreza económica e cultural;
10. que dispense a gabarolice de Pedro Nuno Santos (também ele se considera um predestinado e preparadíssimo candidato a primeiro-ministro) na recuperação de umas carruagens ferro velho e aposte no transporte ferroviário de 500km/h de forma a garantir a integração territorial do nosso pequeno país e a consequente aceleração económica;
11. que seja capaz de estimular em muitos setores o que se propõem em 10)-;
Estes são os mínimos olímpicos para um primeiro-ministro que venha efetivamente resolver o dilema e impasse em que a sociedade e a economia portuguesa se encontram. E por fim…
12. Provas dadas dessa capacidade.
Pessoalmente estou saturado do ambiente de tricas e maledicência em que a política portuguesa se tornou. Saudades dos debates entre Francisco Sá Carneiro, Mário Soares, Diogo Freitas do Amaral e Álvaro Cunhal. Uns puristas no debate de ideias. Estamos muito longe desse nível e isso é altamente preocupante.
António Costa e Rui Rio já demonstraram, vezes sem conta, que não estão preparados para enaltecer a função. Qualquer um deles corre o risco de vir a ser primeiro ministro em 2022. Não podemos é esperar nem mais nem melhor. Podemos apenas acautelar enquanto há tempo…
Professor de Gestão no ISCTE e CEO do Taguspark
Subscritor do Manifesto por uma Democracia de Qualidade