Preparado para primeiro-ministro?

Preparado para primeiro-ministro?


António Costa e Rui Rio já demonstraram, vezes sem conta, que não estão preparados para enaltecer a função. Qualquer um deles corre o risco de vir a ser primeiro-ministro em 2022.


Os partidos com assento parlamentar que nos últimos anos têm estado fora da solução governativa, usufruíram, durante grande parte desse tempo, de lideranças relativamente estáveis.

No maior deles, o atual presidente, Rui Rio, ocupa o cargo há perto de 4 anos.

Com eleições a 30 de janeiro de 2022, seria de esperar que passado este tempo, a sociedade portuguesa estivesse absolutamente consciente quanto à visão de futuro e propostas de implementação, que a autodenominada preparação para primeiro-ministro que Rui Rio reclama, deveria acarretar. Infelizmente é visível a falta desse desígnio. Não apresentou projeto consolidado, não apresentou uma ideia de inovação e desenvolvimento, não comunicou uma visão de Portugal a 5, 10, 15 e 20 anos. Não inspira nem confiança nem desígnio. Não está nem nunca estará preparado para enaltecer a função.

Quando de uma forma errática, o candidato que se autoavalia preparado para primeiro-ministro, fala constantemente daquilo que reclama não se dever falar, demonstra nos atos a fragilidade e a falta de rigor que nos últimos anos demonstrou consigo carregar. Ao eventual candidato reconheço o autoelogio, a indelicadeza no trato, a fobia persecutória, o cinzentismo ideológico e a incoerência. Um problema no lugar de uma solução.

É urgente, a bem da Nação, que se retire, quanto antes, o poder ao Clã Sócrates, gabarolas e incompetente, mas convinha fazê-lo com uma proposta eclética, competente e inovadora. Caso contrário constitui mais do mesmo, e os portugueses andam saturados de adiamentos e oportunidades perdidas.

Os portugueses precisam de um candidato a primeiro-ministro que tenha:

1. uma visão quanto ao posicionamento estratégico de Portugal em contexto europeu e mundial a 20/30 anos (como fizeram a Alemanha e o Japão na sequência da II Guerra Mundial);

2. a capacidade de alinhar ensino básico, secundário e superior, centros de I&D, empreendedores e investidores na condução e conquista dessa visão;

3. a capacidade de clarificar o papel do estado e implementar com rigor as necessárias reformas no funcionamento e modernização da administração pública;

4. a vontade em terminar com o fascismo fiscal a que empresas e indivíduos foram sujeitos nos últimos anos;

5. a capacidade de visionar o melhor sistema de ensino para os jovens portugueses garantindo que estão preparados para um mundo mais global e crescentemente digital;

6. a capacidade de transformar o processo na justiça de modo a garantir a rapidez que o conceito de justiça eticamente consigo carrega;

7. a capacidade de revisão das relações laborais e empresarias para as trazer dos anos 1970 para os anos 2040;

8. que consiga visionar e projetar a nossa economia oceanográfica e aeroespacial;

9. que consiga visionar a criação de riqueza, a implementação de políticas de civismo e a eliminação da pobreza económica e cultural;

10. que dispense a gabarolice de Pedro Nuno Santos (também ele se considera um predestinado e preparadíssimo candidato a primeiro-ministro) na recuperação de umas carruagens ferro velho e aposte no transporte ferroviário de 500km/h de forma a garantir a integração territorial do nosso pequeno país e a consequente aceleração económica;

11. que seja capaz de estimular em muitos setores o que se propõem em 10)-;

Estes são os mínimos olímpicos para um primeiro-ministro que venha efetivamente resolver o dilema e impasse em que a sociedade e a economia portuguesa se encontram. E por fim…

12. Provas dadas dessa capacidade.

Pessoalmente estou saturado do ambiente de tricas e maledicência em que a política portuguesa se tornou. Saudades dos debates entre Francisco Sá Carneiro, Mário Soares, Diogo Freitas do Amaral e Álvaro Cunhal. Uns puristas no debate de ideias. Estamos muito longe desse nível e isso é altamente preocupante.

António Costa e Rui Rio já demonstraram, vezes sem conta, que não estão preparados para enaltecer a função. Qualquer um deles corre o risco de vir a ser primeiro ministro em 2022. Não podemos é esperar nem mais nem melhor. Podemos apenas acautelar enquanto há tempo…

Professor de Gestão no ISCTE e CEO do Taguspark

Subscritor do Manifesto por uma Democracia de Qualidade