A Comissão Europeia prevê que o défice português atinja os 4,5% do produto interno bruto (PIB) e que a dívida pública chegue aos 128,1% do PIB este ano. A comissão mostra-se assim mais otimista em relação à recuperação portuguesa do que estava há quatro meses, altura das últimas previsões.
Segundo as previsões para outono divulgadas esta quinta-feira, a Comissão Europeia espera ainda que o PIB cresça 5,3% em 2022. Para 2023, a economia deverá voltar a descer para 2,4%. Ainda assim, estas previsões são mais pessimistas que as do Governo que previa, no Orçamento do Estado para 2022 entretanto chumbado, um crescimento de 4,8% este ano e de 5,5% em 2022.
Os números do executivo comunitário apontam ainda para uma taxa de inflação de 0,8% este ano, que deverá subir 1,7% em 2022, voltando a cair 1,2% no ano seguinte.
No que diz respeito às exportações, estas deverão acelerar 11,1% este ano e 9,5% no próximo. Já as importações deverão subir 10,9% este ano e 6,2% no próximo.
A entidade liderada por Ursula von der Leyen espera ainda que a taxa de desemprego nacional atinja os 6,7% este ano, prevendo depois descidas nos dois anos seguintes.
“A economia de Portugal está a recuperar fortemente, ajudada por um ressurgimento da procura e pelo emprego. A perspetiva de crescimento permanece favorável apesar de desafios relacionados com as cadeias mundiais de abastecimento e incerteza no turismo estrangeiro”, justifica a Comissão Europeia.
Numa reação a estes números, o ministro da Economia garante que a economia portuguesa “está num bom momento”. Pedro Siza Vieira acrescenta ainda que “estamos a ter uma recuperação mais forte do que a que se estimava há uns meses atrás”.
Já o Ministério das Finanças diz que os números mostram a “credibilidade das contas do Governo” no Orçamento do Estado para 2022. O gabinete de João Leão diz ainda que os números “mostram que a atual situação não está a ser percecionada como um risco para as metas previstas no cenário apresentado pelo Governo em outubro”.
Para o ministro das Finanças, os valores “confirmam, ainda, que o contexto de incerteza política que atravessamos não teve origem em problemas financeiros nem numa crise de finanças públicas, como aconteceu no passado”. E, por outro lado, “mostram que a atual situação não está a ser percecionada como um risco para as metas previstas no cenário apresentado pelo Governo em outubro”.
Orçamento A Comissão Europeia não deixou de mostrar a sua preocupação pelo chumbo do Orçamento do Estado para o próximo ano, garantindo que “as incertezas relacionadas com a entrada em vigor do Orçamento para 2022 representam um fator adicional de risco”.
Sobre o assunto, Pedro Siza Vieira assume que “existe um risco”. E assume: “sabemos que se não tivermos um OE aprovado vamos ter mais dificuldade em assegurar que o ritmo da retoma se mantém desta forma”.