Autárquicas. Curiosidades de Norte a Sul

Autárquicas. Curiosidades de Norte a Sul


O país presenciou uma noite eleitoral memorável, cheia de surpresas e reviravoltas. Das freguesias mais pequenas aos maiores concelhos do país, houve momentos caricatos, protagonistas inesperados (e inesperadas), e mudanças de cor política.


Maria Vieira, deputada do Chega

A atriz Maria Vieira, que se associou ao partido político Chega e surge frequentemente na vizinhança do seu líder, André Ventura, foi candidata pelo partido à Assembleia Municipal de Cascais. A missão de chegar ao lugar de presidente desta Assembleia no distrito de Lisboa não teve sucesso, mas Maria Vieira foi, ainda assim, eleita deputada municipal, tornando-se uma das mais mediáticas figuras políticas do partido eleitas neste sufrágio. “O Chega é, definitivamente, a terceira força política em Cascais e isso fica-se a dever ao magnífico e exaustivo trabalho de um punhado de gente muito corajosa, muito determinada e sobretudo muito boa”, celebrou a atriz nas redes sociais.

 

Adeus trio alentejano

Há, no país, um total de 24 concelhos que só conhecem uma cor política desde as eleições autárquicas de 1976. O número, antes do passado domingo, era de 31. Entre as sete autarquias que decidiram mudar o seu rumo político e abrir caminho a um novo partido, três largaram da mão a Coligação Democrática Unitária (CDU), para abraçar candidatos socialistas. Mora e Montemor-o-Novo, no distrito de Évora, foram comunistas desde 1976 até 2021, elegendo, nestas eleições autárquicas, os respetivos candidatos socialistas à presidência da Câmara Municipal. O mesmo aconteceu em Moita, onde a CDU perdeu mais um bastião, ficando, ainda assim, com seis fiéis autarquias, que não abdicaram do poder comunista nestas eleições autárquicas.

 

Mulheres autarcas em queda

Em 2017, 32 concelhos do país escolheram mulheres para governar as respetivas câmaras municipais. Um valor já baixo, tomando em conta o universo de 308 municípios existentes no país. Neste ano, no entanto, esse número diminuiu, com apenas 28 candidatas a serem eleitas. É um valor que representa 9% do total de candidatos eleitos, e que se mostra frustrante para aqueles que defenderam a lei das quotas aplicada nestas eleições, que exige a representação mínima de 40% de cada um dos sexos em lugares elegíveis. Apesar da medida, o número de mulheres eleitas foi ainda mais baixo nestas eleições. Inês de Medeiros, Luísa Salgueiro e Júlia Fernandes foram algumas delas.

 

Costa júnior na junta

Pedro Costa, filho do primeiro-ministro e secretário-geral do PS António Costa, venceu as eleições para a presidência da Junta de Freguesia de Campo de Ourique, em Lisboa, com apenas 25 votos de vantagem sobre a coligação de direita encabeçada por Teresa Morais Leitão. Costa ‘júnior’ – que chegou à presidência da Junta no ano passado, após a saída do então presidente Pedro Cegonho – teve de esperar durante um largo período de tempo para ficar a conhecer os resultados eleitorais da freguesia, tal foi a proximidade no número de votos. Garantiu a continuidade no poder, mas terá de gerir bem a forte influência dos partidos de direita na Junta, que tiveram um resultado praticamente idêntico.

 

Graciano não discursa

Nuno Graciano, candidato do Chega à presidência da Câmara Municipal de Lisboa e figura assídua na televisão nacional, não parece ter gostado dos resultados eleitorais nesse concelho, onde o partido alcançou 4,41% dos votos, falhando a eleição para vereador. Graciano terá abandonado o restaurante na Avenida da Liberdade onde estava a acompanhar a noite eleitoral, sem ler discursos nem despedidas, alegando sentir-se indisposto, conforme avançou o próprio assessor de imprensa da campanha, citado pela revista Sábado. O púlpito preparado ficou por utilizar, e Graciano desapareceu sem deixar rasto.

 

Sintra abstencionista

Portugal registou, na noite eleitoral de domingo, a segunda maior taxa de abstenção de sempre em eleições autárquicas. 46,35% dos portugueses não exerceram o seu direito ao voto, um valor que só é ultrapassado pelo registo das eleições autárquicas de 2013, quando o valor subiu aos 47,40%. Por entre os diferentes concelhos do país, Sintra foi, segundo dados da plataforma EyeData, o mais ‘abstencionista’. Com um total de 323.280 eleitores inscritos, apenas exerceram o direito de voto 129.706 pessoas, o que equivale a 40,12%_da população eleitoral deste concelho, onde Basílio Horta conquistou mais um mandato na autarquia. Significa isto uma taxa de abstenção de 59,88%.