Já se contam espingardas no PSD

Já se contam espingardas no PSD


Rio sabe que a noite de domingo não será fácil, independentemente dos resultados. Mesmo que ganhe mais capitais de distrito e recupere câmaras, Rangel sairá a terreiro. E o PSD vai para diretas. Logo se verá com mais quem.


Se as eleições autárquicas deste domingo não deverão trazer grandes surpresas, confirmando-se o PS como partido com mais votos e mais câmaras – destacado –, quase todas as atenções da noite voltar-se-ão para os resultados do PSD_e para a inevitabilidade da abertura do processo de disputa interna pela liderança do maior partido da Oposição, restando também a dúvida sobre a votação nacional do Chega de André Ventura.

Rui Rio fez tudo ao longo das últimas semanas de campanha eleitoral para ganhar a maioria das capitais de distrito – com Coimbra, Funchal e Portalegre na mira para cumprir esse objetivo – e para recuperar o maior número de câmaras possível, independentemente da sua dimensão, de Barcelos a Ribeira de Pena.

E o PS_procurando resistir e acreditando na recuperação de Évora (PCP) ou da Guarda (PSD) e até, embora dificilmente, numa inédita conquista em Viseu. Mas também em câmaras mais pequenas, de Famalicão a Peniche, por exemplo.

Logo se verá como ficam as contas, sendo que outro dos factores de animação da noite eleitoral não deixará de ser a dimensão do voto nacional do Chega e a votação de André Ventura em Moura (onde concorre à Assembleia Municipal).

Almada, Barreiro, Seixal, Amadora ou Castelo Branco são alguns dos concelhos que suscitam curiosidade, além das câmaras maiores de Lisboa e do Porto e de outras em que a dúvida não deixará de pairar sobre a dimensão das vitórias dos candidatos mais fortes, seja Oeiras de Isaltino Morais, a Figueira da Foz de Santana Lopes, Cascais de Carlos Carreiras, Sintra de Basílio Horta ou Cabeceiras de Basto de Francisco Alves e Joaquim Barreto. 

De qualquer forma, o que é certo é que os sociais-democratas já contam espingardas, independentemente da expressão dos resultados, como ficou evidente no jantar-comício que reuniu Paulo Rangel e Miguel Pinto Luz em Odivelas – onde estiveram ambos a apoiar o candidato social-democrata Marco Pina (assessor de Carreiras em Cascais que concorre pelo PSD a Odivelas).

 

Rio na mira

No jantar-comício, o ambiente de alinhamento dos sociais-democratas contra a liderança de Rui Rio foi já evidente: o Nascer do SOL apurou que Miguel Pinto Luz dará o seu apoio a uma candidatura de Paulo Rangel contra Rui Rio.

Rio deixou claro que só não irá novamente a jogo se o resultado das eleições de domingo forem um desastre igual ou muito parecido com o de 2017 – o que é difícil.

Mas, na lista de candidatos à liderança do PSD tem de juntar-se ainda Jorge Moreira da Silva – que também já mostrou publicamente que tem pretensões – e, sobretudo, Luís Montenegro, cujas tropas não têm parado de trabalhar as bases do aparelho social-democrata.

De todos, Montenegro tem sido o mais reservado. Mas nem por isso menos ativo junto das distritais e concelhias, particularmente daquelas que foram determinantes da sua derrota na última corrida interna contra Rio.

O que é certo é que as hostilidades internas abrirão na própria noite das eleições autárquicas, no domingo. E, a partir daí, desencadear-se-á o processo para a convocação de eleições diretas e do próximo congresso.

Nas contas dos sociais-democratas ouvidos pelo Nascer do SOL, atendendo ao facto de haver discussão e votação do Orçamento do Estado para 2022 de permeio, o calendário deverá culminar com a marcação da escolha do líder do PSD em janeiro.