Talvez um dos mais internacionais treinadores portugueses de sempre (em termos de seleções nacionais), Carlos Queiroz vai orientar o emblema nacional egípcio, nove meses depois de ter abandonado a liderança da seleção da Colômbia.
A Federação Egípcia de Futebol anunciou a chegada de Queiroz, que ocupará o lugar deixado por Hossam El-Badry, o técnico que viu o fim dos seus dias ao comando do Egito após seis vitórias e quatro empates, um deles – e o mais recente – frente ao Gabão.
A chegada do técnico português, de 68 anos, ao Cairo, está prevista para a próxima semana, e juntará mais uma nação ao curriculum vitae de Queiroz. O técnico já dirigiu a seleção nacional portuguesa, mas também os emblemas nacionais da Colômbia (2019-2020) e do Irão, entre 2011 e 2019, bem como dos Emirados Árabes Unidos e da África do Sul.
É o fim de uma série de rumores sobre o paradeiro de Queiroz após a saída da Colômbia, tendo-se mesmo falado de uma possível ida para o Iraque.
Recorde de mundiais
Com esta nova vida no Egito, Carlos Queiroz tem na mira um importante objetivo: fazer com que os faraós conquistem um lugar no Mundial do Qatar, em 2022, o que significaria, para o técnico português, a quarta presença consecutiva nesta competição.
Recorde-se que, em 2010, Queiroz liderou a seleção nacional portuguesa no Campeonato Mundial de futebol, seguindo-se participações em 2014 e 2018, comandando o emblema nacional do Irão.
Agora, caso o técnico consiga colocar os egípcios no Mundial de 2022, Queiroz estará mais perto de bater o recorde do brasileiro Carlos Alberto Parreira, que participou em seis edições diferentes do Campeonato Mundial de futebol, com cinco seleções nacionais distintas, vencendo o Campeonato de 1994, aos comandos do Brasil.
Se Queiroz conseguir este feito, aliás, tornar-se-á também num dos poucos treinadores do mundo que se podem gabar de ter participado em quatro edições do Mundial de futebol consecutivamente, ficando mais perto do recorde do sérvio Bora Milutinovic, que participou em cinco edições seguidas do Mundial, entre 1986 e 2002, com cinco seleções nacionais diferentes.
O Egito, que tem como principal estrela Mohamed Salah, do Liverpool, está atualmente no grupo F da qualificação africana para o Mundial do Qatar, onde a Líbia lidera, com 6 pontos, e os egípcios ocupam o segundo lugar, contando 4 pontos após uma vitória e um empate. As duas equipas têm confronto marcado em outubro.
Longe de Gutendorf
Não haja dúvidas de que Carlos Queiroz está a caminho de se tornar num dos treinadores mais internacionais do futebol moderno, em termos de seleções nacionais. Vai agora juntar o sexto país ao seu currículo e, mesmo para Portugal, que é um conhecido exportador de treinadores, Queiroz está a atingir um patamar acima da média.
Longe está, no entanto, o recorde do alemão Rudi Gutendorf, o técnico que, durante a sua carreira de 53 anos, liderou um total de 18 emblemas nacionais, um pouco por todo o mundo, entre eles Chile, Bolívia, Venezuela, Trinidad & Tobago, Granada, Antigua, Botswana, Austrália, Nova Caledonia, Nepal, Tonga, Tanzânia e Ghana.
Vale ainda a pena realçar que Gutendorf liderou também as equipas olímpicas de futebol do Irão, em 1988, e da China, em 1992. Contando com clubes e outras equipas treinadas, o técnico alemão mantém o recorde no livro do Guinness, contabilizando 55 equipas em 32 países diferentes.
Portugal: fábrica de treinadores
Carlos Queiroz é o principal exemplo de um dado característico do futebol nacional: Portugal é um dos principais exportadores de treinadores do mundo, e o feito ainda é mais importante quando se tem em conta o tamanho e a população em idade ativa deste país.
O próprio Fernando Santos, que lidera a seleção nacional desde 2014, esteve aos comandos do emblema da Grécia entre 2010 e 2014.
E, neste momento, são vários os exemplos, como o de Paulo Sousa, técnico da seleção da Polónia, onde chegou em 2021, ou Paulo Bento, que treinou a seleção nacional entre 2010 e 2014, e está na Coreia do Sul desde 2018. No mundo lusófono, são também vários os portugueses que lideram seleções nacionais estrangeiras, como é o caso de Pedro Gonçalves, em Angola, e de Abel Xavier, em Moçambique.