Começou, esta quarta-feira, o julgamento do maior ataque terrorista em solo francês, os atentados que ocorreram, em 2016, contra o portão D do estádio de futebol Stade de France, em Saint-Denis, cafés e restaurantes de dois bairros da capital e a sala de espetáculos Bataclan, um ataque que provocou 130 mortes e mais de quatro mil feridos. Trata-se do maior processo da história jurídica em França e irá acontecer numa sala especial.
O julgamento irá contar com a presença do único terrorista vivo que participou diretamente nos atentados de Paris, Salah Abdeslam, um belga de origem marroquina que ajudou a preparar os ataques coordenados, deixou os seus companheiros no Stade de France para cometerem o ataque, mas acabou por deitar fora o seu próprio colete de explosivos.
Abdeslam está em silêncio desde que foi preso, em 2016, recusando cooperar com as autoridades, referindo apenas que o que fez foi a pedido do irmão, Brahim, que morreu nos atentados. Agora, ele comparecerá em público e será questionado pelos seus crimes.
No banco dos réus, estão mais 13 acusados por implicação na logística dos ataques. Seis pessoas vão ser julgadas sem se conhecer o seu paradeiro, perfazendo assim um total de 20 acusados.
Quanto às vítimas, há pelo menos 1765 pessoas, onde estão incluídos os feridos, as famílias das vítimas mortais, assim como todas as pessoas que testemunharam o terror.
Ao contrário de muitos crimes graves em França, os crimes de terrorismo não têm júri.
O caso vai, portanto, ser julgado por cinco juízes, com outros quatro juízes de reserva, caso haja necessidade de fazer trocas durante as audiências.
As audiências devem decorrer, pelo menos, durante oito meses, com cerca de 145 dias de julgamento nesse espaço de tempo.
De forma a proteger todos os intervenientes no processo, o julgamento decorre num clima de alta segurança, com reforço do policiamento na Île de la Cité, onde se localiza o Palácio de Justiça.
Um perímetro de segurança vai ser instalado até dia 25 de maio, data prevista do veredicto, permitindo apenas acesso às imediações do palácio pessoas autorizadas como vítimas, advogados ou jornalista.