Quer deixar de fumar? Os cigarros eletrónicos podem ser uma solução. Pelo menos, esta foi a opção do Reino Unido que decidiu distribuir cigarros eletrónicos gratuitos para um teste durante 30 meses. A iniciativa foi levada a cabo pelo Serviço Nacional de Saúde (NHS) do Reino Unido ao lançar um estudo para ajudar os fumadores britânicos a abandonar o tabaco. Como funciona? A partir do próximo outono, os fumadores que recorrerem às urgências em alguns hospitais, independentemente do motivo, poderão obter um kit inicial de vaporização gratuito e o seu respetivo acompanhamento.
A explicação é simples: o estudo, liderado pela Universidade de Oxford e que envolve também a Universidade de East Anglia (UEA), revela que os cigarros eletrónicos de nicotina podem ajudar mais pessoas a deixar de fumar do que a terapia de reposição de nicotina, como é o caso das pastilhas ou dos adesivos. Os investigadores acreditam que, nos próximos dois anos e meio, os fumadores ingleses que concordarem em participar no programa para receberem aleatoriamente este kit inicial de vapor, enquanto aguardam pela sua vez nos serviços de emergência dos hospitais de Norfolk, poderão deixar o vício de fumarem.
Para já são cinco os hospitais que vão participar num teste de 30 meses, incluindo o de Norfolk e de Norwich, dois em Londres e também em Leicester e Edimburgo.
À imprensa local, Caitlin Notley, da Escola de Medicina de Norwich da UEA, explica que “muitas pessoas que fumam querem parar de o fazer mas consideram difícil ter sucesso a longo prazo”. Por isso, defende a especialista, “os cigarros eletrónicos imitam a experiência de fumar porque são portáteis e geram um vapor semelhante ao fumo quando são usados”.
Na opinião da responsável, este género de ‘cigarros’ “podem ser uma opção atraente para ajudar as pessoas a deixar de fumar, mesmo que tenham falhado no passado”. “Sabemos que são muito menos prejudiciais do que fumar tabaco e que demonstraram que ajudam os fumadores a deixar de fumar”.
Também a Direção Geral de Saúde de Inglaterra (Public Health England) avançou que os cigarros eletrónicos, apesar de também apresentarem riscos, representam uma pequena fração do risco dos cigarros ‘normais’.
Recorde-se que os cigarros eletrónicos não contêm tabaco e não produzem monóxido de carbono, dois dos constituintes mais nocivos do fumo dos cigarros. Já o líquido e o vapor contêm alguns produtos químicos potencialmente nocivos também encontrados no fumo dos cigarros, no entanto, os seus níveis apresentam valores mais baixos.
“Os departamentos de emergência em Inglaterra atendem mais de 24 milhões de pessoas por ano, das quais cerca de um quarto são fumadores”, disse o co-líder do estudo, Ian Pope, também da Escola de Medicina de Norwich da UEA, que também é médico. “Atender o pronto-socorro oferece uma oportunidade valiosa para as pessoas serem apoiadas a deixar de fumar, o que aumentará as hipóteses de recuperação de tudo o que as trouxe ao hospital e também evitará doenças futuras”, garante o responsável.
Os fumadores que aceitarem participar neste estudo, serão aleatoriamente designados para receber conselhos sobre o tabagismo durante a espera nas urgências, um pacote inicial de cigarros eletrónicos e encaminhamento para serviços locais para deixar de fumar ou apenas informações por escrito sobre os serviços para parar de fumar disponíveis localmente.
Os dois grupos de pacientes serão questionados se ainda fumam um, três e seis meses após terem dado entrada no hospital. A equipa que faz parte do estudo espera conseguir cerca de 1000 fumadores para este ensaio.
“Vamos estar a analisar o número de pessoas que pararam de fumar com sucesso em ambos os grupos para perceber qual a intervenção que funciona melhor. E vamos ainda calcular quanto custaria implementar o esquema a nível nacional”, avançou o professor Notley.
Este ensaio é financiado pelo Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde (NIHR) e será conduzido pela Unidade de Ensaios Clínicos de Norwich da UEA. E vai ao encontro do estudo publicado na Biblioteca Cochrane, que contém uma série de estudos científicos especializadas em saúde, e indicam: cerca de 50 mil fumadores por ano deixaram de fumar graças à vaporização.