Só tenho espaço para o silêncio


O meu silêncio é vazio como um vácuo do mundo e eu, igualmente passageiro parado, não tenho viagens em Deus nem formas de pensar em ti desde que te tornaste parte do meu silêncio, mágica senhora de todas as minhas solidões.


Um silêncio tão profundo tomou conta da noite que me aflige. É como se estivesse no centro do nada. Nem um pio de pássaro, nem os passos furtivos de um ratito no algeroz, nem um diálogo surdo vindo da Rua dos Quintais. Nada. Nem sequer o ressonar de Deus. O nada não devia existir, por princípio básico das regras do universo. Deitado na cama não consigo dormir, orelhas espetadas como as de um gato, todos os sentidos alerta, à espera, sempre à espera que venha qualquer coisa, talvez o vento, estilhaçar o peso bruto deste silêncio absurdo.

O silêncio e a solidão são irmãos de pai e mãe. Não respeitam a regra da atracção dos pólos porque se procuram mesmo não sendo inversos. A solidão caiu também, de repetente, sobre a noite sem sons. E também ela me desperta, violenta e exasperante, como só eu e mais ninguém estivese mergulhado nesta aflitiva escuta do silêncio absoluto. “Penso em ti no silêncio da noite, quando tudo é nada/E os ruídos que há no silêncio são o próprio silêncio/Então, sozinho de mim, passageiro parado/De uma viagem em Deus, inutilmente penso em ti”. Sorte a de Fernando Pessoa que tinha ruídos dentro do seu silêncio.

O meu silêncio é vazio como um vácuo do mundo e eu, igualmente passageiro parado, não tenho viagens em Deus nem formas de pensar em ti desde que te tornaste parte do meu silêncio, mágica senhora de todas as minhas solidões. Dou voltas à almofada procurando o lado mais fresco para encostar a cabeça. Também não foi à toa que Lobo Antunes escreveu um dia que Deus era o lado fresco da almofada. Afinal não é.

O silêncio que o diga. Este silêncio de matrioskas, cada um dentro do outro até ao infinito. A noite parou e o mundo também. De contrário, ouviria o ranger das suas engrenagens de rotação e translação. Mesmo que quisesse pensar em ti, não conseguia. Já não há em mim espaço para mais nada do que o silêncio absoluto…

Só tenho espaço para o silêncio


O meu silêncio é vazio como um vácuo do mundo e eu, igualmente passageiro parado, não tenho viagens em Deus nem formas de pensar em ti desde que te tornaste parte do meu silêncio, mágica senhora de todas as minhas solidões.


Um silêncio tão profundo tomou conta da noite que me aflige. É como se estivesse no centro do nada. Nem um pio de pássaro, nem os passos furtivos de um ratito no algeroz, nem um diálogo surdo vindo da Rua dos Quintais. Nada. Nem sequer o ressonar de Deus. O nada não devia existir, por princípio básico das regras do universo. Deitado na cama não consigo dormir, orelhas espetadas como as de um gato, todos os sentidos alerta, à espera, sempre à espera que venha qualquer coisa, talvez o vento, estilhaçar o peso bruto deste silêncio absurdo.

O silêncio e a solidão são irmãos de pai e mãe. Não respeitam a regra da atracção dos pólos porque se procuram mesmo não sendo inversos. A solidão caiu também, de repetente, sobre a noite sem sons. E também ela me desperta, violenta e exasperante, como só eu e mais ninguém estivese mergulhado nesta aflitiva escuta do silêncio absoluto. “Penso em ti no silêncio da noite, quando tudo é nada/E os ruídos que há no silêncio são o próprio silêncio/Então, sozinho de mim, passageiro parado/De uma viagem em Deus, inutilmente penso em ti”. Sorte a de Fernando Pessoa que tinha ruídos dentro do seu silêncio.

O meu silêncio é vazio como um vácuo do mundo e eu, igualmente passageiro parado, não tenho viagens em Deus nem formas de pensar em ti desde que te tornaste parte do meu silêncio, mágica senhora de todas as minhas solidões. Dou voltas à almofada procurando o lado mais fresco para encostar a cabeça. Também não foi à toa que Lobo Antunes escreveu um dia que Deus era o lado fresco da almofada. Afinal não é.

O silêncio que o diga. Este silêncio de matrioskas, cada um dentro do outro até ao infinito. A noite parou e o mundo também. De contrário, ouviria o ranger das suas engrenagens de rotação e translação. Mesmo que quisesse pensar em ti, não conseguia. Já não há em mim espaço para mais nada do que o silêncio absoluto…