O futuro da Engenharia é feminino


A Organização das Nações Unidas definiu, para os próximos dez anos, 17 objetivos de desenvolvimento sustentável em resposta aos desafios económicos, sociais e ambientais no mundo. A Igualdade de Género, que tem como missão proporcionar igualdade de oportunidades para homens e mulheres, posiciona-se como um dos mais relevantes. Na União Europeia o estudo She Figures…


A Organização das Nações Unidas definiu, para os próximos dez anos, 17 objetivos de desenvolvimento sustentável em resposta aos desafios económicos, sociais e ambientais no mundo. A Igualdade de Género, que tem como missão proporcionar igualdade de oportunidades para homens e mulheres, posiciona-se como um dos mais relevantes.

Na União Europeia o estudo She Figures de 2018 revela o impacto e a eficácia das políticas de igualdade de género implementadas. O resultado deste estudo, com indicadores sobre a igualdade de género na investigação e inovação, mostra que nas áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática (CTEM) as mulheres estão sub-representadas. O mesmo se passa nas posições de topo das Instituições de Ensino Superior.

A necessidade de envolver mais mulheres nas áreas de CTEM não passa apenas por uma questão de paridade e de maior justiça. Por um lado, a sociedade está presentemente a desperdiçar o talento e capacidade de todas as mulheres que, desejando, não conseguem ter as condições para trabalhar nestas áreas. Por outro lado, representando cerca de metade da população mundial, as necessidades das mulheres deverão estar igualmente representadas nas várias áreas de desenvolvimento. A invenção dos cintos de segurança automóvel é um bom exemplo desta necessidade. Desenhados considerando apenas a estatura masculina, os primeiros cintos de segurança ignoraram as características físicas de mulheres e crianças levando a um elevado número de lesões graves, e por vezes letais.

É habitual dizer-se que o menor número de mulheres em CTEM está relacionado com o seu desinteresse por estas áreas. No entanto, as verdadeiras razões que levam as mulheres a não optar por estas áreas são variadas e incluem a baixa representatividade feminina nas universidades; a existência de esterótipos de género; preconceitos socioculturais incluindo  a falta de apoio da família ao prosseguimento de carreira nestas áreas; e a existência de poucas referências de sucesso femininas.

As instituições de Ensino Superior têm, neste contexto, um papel relevante a desempenhar. O grupo de Diversidade e Igualdade de Género, criado em 2016 pelo Instituto Superior Técnico (IST) com a missão de promover e valorizar a diversidade, implementa um conjunto de atividades de reforço de inclusão e de igualdade de género. Isto é feito, a nível externo, através do desenvolvimento de ações que contribuem, junto dos candidatos ao Ensino Superior, para um recrutamento com maior equilíbrio de género e, a nível interno, com medidas que visam reduzir barreiras normalmente associadas à promoção das mulheres nas carreiras docente, de investigação e administrativa.

O grupo, cuja primeira atividade foi a realização de um estudo estatístico sobre igualdade de Género no IST, é constituído por docentes, investigadores, adminstrativos e estudantes. Os resultados mais recentes deste estudo revelaram que, atualmente, apenas 28% dos estudantes e 26% dos docentes são do sexo feminino.

Em resposta a estes números o grupo de trabalho implementou um conjunto de ações.

1. Criado em 2016, o Prémio Maria de Lourdes Pintasilgo destina-se a galardoar anualmente duas mulheres formadas pelo Técnico, uma ex-aluna que se tenha destacado pelas suas contribuições profissionais e/ou sociais e uma recém-graduada que se tenha destacado pelo seu percurso académico. 

2. Para o corpo docente, foi criada a possibilidade de dispensa do serviço docente no período pós-licença de parentalidade com o intuito de facilitar a conjugação da vida profissional e familiar e reduzir o impacto negativo nas atividades de investigação após o período de licença.

3. Com o objetivo de mostrar a diversidade dos percursos profissionais de mulheres engenheiras, foi criado um ciclo de palestras e um fórum de discussão que reúne num pequeno-almoço um grupo de estudantes do técnico e várias ex-alunas para partilha de experiências profissionais em ambiente informal.

4. Com iniciativa da Secretaria de Estado para a Cidadania e a Igualdade e coordenação da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, o projeto Engenheiras por um dia que promove a interação entre engenheiras e alunas do secundário, tem a colaboração do IST e contou na última edição com a participação de 53 empresas e municípios, 22 escolas e 12 Instituições de Ensino Superior. 

É através da implementação de ações como estas que será possível demonstrar às mulheres que podem ter carreiras profissionais motivantes e de sucesso, e oferecer-lhes uma maior igualdade de oportunidades nas áreas de engenharia e tecnologia. Só dando condições em que as mulheres possam assumir um papel ativo, fundamental e determinante no seu próprio futuro, pode a sociedade, como um todo, beneficiar da inteligência, energia e inspiração de uma parte muito importante e significativa da população mundial.

Beatriz Silva e Alexandre Bernardino
Professores do Instituto Superior Técnico e Coordenadores do Grupo Gender Balance. 

 

 

 

 

O futuro da Engenharia é feminino


A Organização das Nações Unidas definiu, para os próximos dez anos, 17 objetivos de desenvolvimento sustentável em resposta aos desafios económicos, sociais e ambientais no mundo. A Igualdade de Género, que tem como missão proporcionar igualdade de oportunidades para homens e mulheres, posiciona-se como um dos mais relevantes. Na União Europeia o estudo She Figures…


A Organização das Nações Unidas definiu, para os próximos dez anos, 17 objetivos de desenvolvimento sustentável em resposta aos desafios económicos, sociais e ambientais no mundo. A Igualdade de Género, que tem como missão proporcionar igualdade de oportunidades para homens e mulheres, posiciona-se como um dos mais relevantes.

Na União Europeia o estudo She Figures de 2018 revela o impacto e a eficácia das políticas de igualdade de género implementadas. O resultado deste estudo, com indicadores sobre a igualdade de género na investigação e inovação, mostra que nas áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática (CTEM) as mulheres estão sub-representadas. O mesmo se passa nas posições de topo das Instituições de Ensino Superior.

A necessidade de envolver mais mulheres nas áreas de CTEM não passa apenas por uma questão de paridade e de maior justiça. Por um lado, a sociedade está presentemente a desperdiçar o talento e capacidade de todas as mulheres que, desejando, não conseguem ter as condições para trabalhar nestas áreas. Por outro lado, representando cerca de metade da população mundial, as necessidades das mulheres deverão estar igualmente representadas nas várias áreas de desenvolvimento. A invenção dos cintos de segurança automóvel é um bom exemplo desta necessidade. Desenhados considerando apenas a estatura masculina, os primeiros cintos de segurança ignoraram as características físicas de mulheres e crianças levando a um elevado número de lesões graves, e por vezes letais.

É habitual dizer-se que o menor número de mulheres em CTEM está relacionado com o seu desinteresse por estas áreas. No entanto, as verdadeiras razões que levam as mulheres a não optar por estas áreas são variadas e incluem a baixa representatividade feminina nas universidades; a existência de esterótipos de género; preconceitos socioculturais incluindo  a falta de apoio da família ao prosseguimento de carreira nestas áreas; e a existência de poucas referências de sucesso femininas.

As instituições de Ensino Superior têm, neste contexto, um papel relevante a desempenhar. O grupo de Diversidade e Igualdade de Género, criado em 2016 pelo Instituto Superior Técnico (IST) com a missão de promover e valorizar a diversidade, implementa um conjunto de atividades de reforço de inclusão e de igualdade de género. Isto é feito, a nível externo, através do desenvolvimento de ações que contribuem, junto dos candidatos ao Ensino Superior, para um recrutamento com maior equilíbrio de género e, a nível interno, com medidas que visam reduzir barreiras normalmente associadas à promoção das mulheres nas carreiras docente, de investigação e administrativa.

O grupo, cuja primeira atividade foi a realização de um estudo estatístico sobre igualdade de Género no IST, é constituído por docentes, investigadores, adminstrativos e estudantes. Os resultados mais recentes deste estudo revelaram que, atualmente, apenas 28% dos estudantes e 26% dos docentes são do sexo feminino.

Em resposta a estes números o grupo de trabalho implementou um conjunto de ações.

1. Criado em 2016, o Prémio Maria de Lourdes Pintasilgo destina-se a galardoar anualmente duas mulheres formadas pelo Técnico, uma ex-aluna que se tenha destacado pelas suas contribuições profissionais e/ou sociais e uma recém-graduada que se tenha destacado pelo seu percurso académico. 

2. Para o corpo docente, foi criada a possibilidade de dispensa do serviço docente no período pós-licença de parentalidade com o intuito de facilitar a conjugação da vida profissional e familiar e reduzir o impacto negativo nas atividades de investigação após o período de licença.

3. Com o objetivo de mostrar a diversidade dos percursos profissionais de mulheres engenheiras, foi criado um ciclo de palestras e um fórum de discussão que reúne num pequeno-almoço um grupo de estudantes do técnico e várias ex-alunas para partilha de experiências profissionais em ambiente informal.

4. Com iniciativa da Secretaria de Estado para a Cidadania e a Igualdade e coordenação da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, o projeto Engenheiras por um dia que promove a interação entre engenheiras e alunas do secundário, tem a colaboração do IST e contou na última edição com a participação de 53 empresas e municípios, 22 escolas e 12 Instituições de Ensino Superior. 

É através da implementação de ações como estas que será possível demonstrar às mulheres que podem ter carreiras profissionais motivantes e de sucesso, e oferecer-lhes uma maior igualdade de oportunidades nas áreas de engenharia e tecnologia. Só dando condições em que as mulheres possam assumir um papel ativo, fundamental e determinante no seu próprio futuro, pode a sociedade, como um todo, beneficiar da inteligência, energia e inspiração de uma parte muito importante e significativa da população mundial.

Beatriz Silva e Alexandre Bernardino
Professores do Instituto Superior Técnico e Coordenadores do Grupo Gender Balance.