Na conferência de imprensa desta terça-feira foram abordados vários temas tais como o início do processo de vacinação contra o novo coronavírus, que irá arrancar no dia 27 de dezembro no país, a celebração do Natal, o isolamento profilático de António Costa e a recuperação de Graça Freitas, que esteve infetada com covid-19.
Graça Freitas começou por apelar à vacinação contra o novo coronavírus. "Nestes tempos, do cumprimento destas medidas, há uma esperança. Há mais de 200 anos foi descoberta uma vacina para o vírus altamente letal como era a varíola, que foi possível erradicar pela vacinação massiva. O início da vacinação alimenta a esperança de todo o mundo. Quando tivermos vacinas disponíveis, devemos aproveitar a oportunidade", disse a diretora-geral da Saúde.
Nas palavras de Graça Freitas, "as vacinas salvam vidas" e para esclarecer as dúvidas que têm sido levantas pela população, a responsável da DGS diz que será feito um esclarecimento sobre a vacinação. "Vamos esclarecer de forma clara, transparente, inequívoca sobre a eficácia da vacinação", disse, afirmando que a população irá ser acompanhada durante o processo para que percebam melhor a importância da questão. Na visão da diretora-geral da Saúde se as pessoas se sentirem seguras com a vacina, o número de pessoas vacinadas irá ser maior e consequentemente a proteção contra o novo vírus será maior.
Durante a conferência de imprensa, Válter Fonseca, membro da task-force da vacinação em Portugal, disse que a nova estirpe do novo coronavírus, detetada no Reino Unido "ainda não está em Portugal". "Os dados são ainda prematuros, há uma alteração na proteína, que modifica o grau de transmissibilidade do vírus. Não há, para já, impacto na hospitalização ou letalidade das pessoas. Estamos a acompanhar a situação, não sendo ainda detetada esta nova estirpe em Portugal", afirmou o responsável, garantindo que o Instituto Ricardo Jorge está atento a esta questão.
Em relação à primeira fase de distribuição da vacina em Portugal, o membro da task force esclareceu que os primeiros a serem vacinados serão os profissionais de saúde, "que foram estratificados com os critérios que se conhecem, por estarem na linha da frente, estarem mais expostos ou trabalharem com doentes mais vulneráveis" e que existe uma "grande aceitabilidade" entre os mesmos sobre esta questão, especialmente porque "a vacina mostra elevada segurança e efiácia", sustenta.
Sobre os efeitos secundários da vacina, Válter Fonseca aponta que estes são "ligeiros e raros". "Todas as vacinas testadas mostraram elevadíssimos níveis de segurança. Para além dos efeitos no local da aplicação da vacina, podem verificar-se dores articulares, musculares e febre ligeira durante um ou dois dias", esclareceu o responsável, afirmando que as pessoas serão informadas sobre os efeitos adversos através de folhetos ou oralmente durante o processo de vacinação.
A diretora-geral da Saúde falou sobre o período em que esteve infetada com o novo coronavírus e sublinhou que teve "muita sorte" por ter contraído a doença na DGS onde "estão todos muito alerta". "É importante dar o alerta assim que temos sintomas e a nossa colaboradora deu de imediato o alerta e quando soube do alerta quase não tinha sintomas. Com este alerta decidi fazer o teste e a rapidez com que se atua é muito importante. Felizmente não transmiti a doença a mais ninguém. É preciso estar atento, avisar os outros, fazer o teste e fechar circuitos dentro de casa. Fui acompanhada de forma exemplar pelo SNS, que me acompanharam todos os dias para saber o meu estado", explica.
"Não tive febre, tive uma prostração ligeira e nunca perdi o olfato e o paladar. Por volta do nono ou 10.º dia tive tosse, que foi um dos sintomas mais notórios. Tive a sorte de ter sintomas ligeiros a moderados. De uma forma geral o SNS dá apoio a quem está em casa e isso é uma sensação reconfortante. Serei vacinada quando chegar a minha vez, terei um período de imunidade e vou esperar", acrescenta ainda Graça Freitas.
Em relação às Presidenciais e como vão decorrer as idas às urnas, Graça Freitas afirma que "todos vão poder exercer o seu direito de voto" mesmo quem está a cumprir um período de isolamento profilático. "As pessoas que estão em isolamento na altura das eleições, vão poder exercer o seu direito de voto, através do apoio da autarquia, com um funcionário a casa das pessoas com uma urna para que seja exercido o seu direito", disse a responsável.
Questionada sobre como está a ser o isolamento profilático de António Costa, a diretora-geral da Saúde garante que "o primeiro-ministro está a ser tratado como qualquer outro cidadão". Graça Freitas afirma ainda que após o fim do período de isolamento profilático, Costa vai realizar um novo teste e só após testar novamente negativo à covid-19 é que terá alta.
Em relação à celebração do Natal, Graça Freitas sublinhou ter "confiança" nos portugueses daí não terem sido impostas medidas mais pesadas durante a festividade, como aconteceu com outros países da Europa. "Foi partindo desta base que esperamos que seja um Natal seguro", apontou.