Os efeitos negativos da pandemia de covid-19 nas empresas já eram previsíveis: 58% das empresas viram cair a sua carteira de encomendas em junho face ao mesmo mês do ano passado, com uma quebra média do volume da carteira de encomendas de 45%.
Esta é uma das conclusões da sétima edição do projeto Sinais Vitais, desenvolvido pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP) e pelo ISCTE. Dedicado ao tema “Compras e Vendas no Pós-Estado de Emergência”, o inquérito contou com a resposta de 563 empresas, a maior parte do setor da indústria e energia.
Pedro Dionísio, professor do ISCTE que apresentou os resultados do estudo não tem dúvidas quanto aos valores: “Isto significa que a queda de negócios vai ser repercutida nos próximos meses”, disse aos jornalistas, acrescentando que “diminuindo o número de encomendas em carteira, naturalmente para grande parte das indústrias que trabalham sob encomenda, os seus volumes de negócio vão diminuir”. Para Pedro Dionísio este é o fator mais preocupante.
No que diz respeito às compras e vendas após o estado de emergência, em maio 76% dos inquiridos revela que viu as suas vendas diminuírem, em média 49%.
Quanto às compras, 8% das empresas diz que as suas vendas aumentaram por via dos canais digitais ou venda direta, sendo que a maioria (54%) foi feita através dos novos canais.
Já em relação ao cumprimento dos prazos de pagamento a fornecedores, das empresas inquiridas, 80% revela que foram mantidos embora 19% dissesse que demoram mais tempo a pagar, com uma média de 34 dias.
A juntar a estes dados, 34% das empresas diz que demora mais tempo a receber quando questionada sobre o prazo dos recebimentos dos clientes, com uma média de 38 dias.
O vice-presidente da CIP, João Pedro Almeida, defendeu ser “claro que a pandemia teve um impacto profundo nas cadeias de abastecimento e no funcionamento das empresas”. Mas aplaudiu o empenho do Governo: “Temos de reconhecer que o Governo tem revelado uma grande vontade de diálogo com os empresários”, disse, acrescentando que, também de realçar, é a “pressão que o primeiro-ministro fez para levar a União Europeia a assumir as suas responsabilidades”.