Cabo Delgado


Desde 2017 que existem relatos de ataques e incidentes graves na província de Cabo Delgado, no noroeste de Moçambique, relacionados com um movimento islâmico. Estes relatos assumiram uma especial relevância nos últimos tempos com as notícias a darem conta de execuções e massacres de pelo menos 57 pessoas neste mesmo mês e do reforço deste…


Desde 2017 que existem relatos de ataques e incidentes graves na província de Cabo Delgado, no noroeste de Moçambique, relacionados com um movimento islâmico.

Estes relatos assumiram uma especial relevância nos últimos tempos com as notícias a darem conta de execuções e massacres de pelo menos 57 pessoas neste mesmo mês e do reforço deste grupo com a inclusão nas suas fileiras de estrangeiros e aumento do seu arsenal bélico. Recorda-se que desde o início do conflito armado são já mais de 700 mortos e mais de 200 mil refugiados.

Para além da situação também preocupante relacionada com a COVID-19 neste país irmão, este, vê-se a braços com um verdadeiro movimento jihadista que pretende instaurar um Estado Islâmico, tendo inclusive tomado várias localidades e ocupado instalações militares, hasteando aí a bandeira de um “novo” Estado Islâmico.

A situação assume-se ainda mais preocupante tendo em conta que em Moçambique ainda se vive um equilíbrio frágil após o acordo de paz e reconciliação nacional entre o Governo e a RENAMO em agosto do ano passado.

Associado a tudo isto, tem vindo a público a excesso de violência sobra as populações por parte das forças militares e de segurança deslocadas para o território, bem como a impreparação dos militares para fazerem face às táticas de guerrilha deste grupo armado de insurgentes.

A situação tem, portanto, o potencial para se tornar ainda mais explosiva, com todos os ingredientes para ser a prazo um problema de segurança internacional, como outros que surgiram já no passado, se nada se fizer urgentemente.

Sabe-se já que a União Europeia em reunião do Conselho no passado dia 22 de abril deliberou no sentido de  disponibilizar a UE para reforçar a cooperação e apoio a Moçambique nesta matéria, em particular apoio humanitário, mas urge uma posição mais forte e enérgica da comunidade internacional, em especial das Nações Unidas, para, em conjunto com o Governo de Moçambique, tudo se fazer para travar esta ameaça jihadista.

Apesar da luta contra a pandemia da COVID-19 que todos temos entre mãos (incluindo Moçambique), é absolutamente imperioso que a comunidade internacional dê todo o apoio necessário para que a situação vivida em Cabo Delgado não ganhe uma escala que, futuramente, nos faça arrepender de não ter apoiado o governo moçambicano mais cedo.

Não deixa de ser irónico, e até um pouco hipócrita, que em Portugal nos consternemos e fiquemos em choque quando num qualquer país europeu haja um ataque terrorista, com longas horas de diretos e coberturas jornalísticas quanto ao sucedido, e sejamos tão indiferentes a situações tão ou mais graves ocorridas em países que não se encontrem no mesmo hemisfério que o nosso ou que não tenham a Torre Eiffel como atração turística. Os laços que nos unem a Moçambique deveriam ser suficientes para, pelo menos, merecerem a mesma consternação e solidariedade.

 

Pedro Vaz

Cabo Delgado


Desde 2017 que existem relatos de ataques e incidentes graves na província de Cabo Delgado, no noroeste de Moçambique, relacionados com um movimento islâmico. Estes relatos assumiram uma especial relevância nos últimos tempos com as notícias a darem conta de execuções e massacres de pelo menos 57 pessoas neste mesmo mês e do reforço deste…


Desde 2017 que existem relatos de ataques e incidentes graves na província de Cabo Delgado, no noroeste de Moçambique, relacionados com um movimento islâmico.

Estes relatos assumiram uma especial relevância nos últimos tempos com as notícias a darem conta de execuções e massacres de pelo menos 57 pessoas neste mesmo mês e do reforço deste grupo com a inclusão nas suas fileiras de estrangeiros e aumento do seu arsenal bélico. Recorda-se que desde o início do conflito armado são já mais de 700 mortos e mais de 200 mil refugiados.

Para além da situação também preocupante relacionada com a COVID-19 neste país irmão, este, vê-se a braços com um verdadeiro movimento jihadista que pretende instaurar um Estado Islâmico, tendo inclusive tomado várias localidades e ocupado instalações militares, hasteando aí a bandeira de um “novo” Estado Islâmico.

A situação assume-se ainda mais preocupante tendo em conta que em Moçambique ainda se vive um equilíbrio frágil após o acordo de paz e reconciliação nacional entre o Governo e a RENAMO em agosto do ano passado.

Associado a tudo isto, tem vindo a público a excesso de violência sobra as populações por parte das forças militares e de segurança deslocadas para o território, bem como a impreparação dos militares para fazerem face às táticas de guerrilha deste grupo armado de insurgentes.

A situação tem, portanto, o potencial para se tornar ainda mais explosiva, com todos os ingredientes para ser a prazo um problema de segurança internacional, como outros que surgiram já no passado, se nada se fizer urgentemente.

Sabe-se já que a União Europeia em reunião do Conselho no passado dia 22 de abril deliberou no sentido de  disponibilizar a UE para reforçar a cooperação e apoio a Moçambique nesta matéria, em particular apoio humanitário, mas urge uma posição mais forte e enérgica da comunidade internacional, em especial das Nações Unidas, para, em conjunto com o Governo de Moçambique, tudo se fazer para travar esta ameaça jihadista.

Apesar da luta contra a pandemia da COVID-19 que todos temos entre mãos (incluindo Moçambique), é absolutamente imperioso que a comunidade internacional dê todo o apoio necessário para que a situação vivida em Cabo Delgado não ganhe uma escala que, futuramente, nos faça arrepender de não ter apoiado o governo moçambicano mais cedo.

Não deixa de ser irónico, e até um pouco hipócrita, que em Portugal nos consternemos e fiquemos em choque quando num qualquer país europeu haja um ataque terrorista, com longas horas de diretos e coberturas jornalísticas quanto ao sucedido, e sejamos tão indiferentes a situações tão ou mais graves ocorridas em países que não se encontrem no mesmo hemisfério que o nosso ou que não tenham a Torre Eiffel como atração turística. Os laços que nos unem a Moçambique deveriam ser suficientes para, pelo menos, merecerem a mesma consternação e solidariedade.

 

Pedro Vaz