25 de Abril. Joacine  não vai discursar e abre guerra com a esquerda

25 de Abril. Joacine não vai discursar e abre guerra com a esquerda


Socialistas dizem que deputada “queria uma regra feita à sua medida”. Joacine fala em “decisões pouco democráticas” para a silenciar.


Joacine Katar Moreira criticou duramente os partidos de esquerda por não poder intervir na sessão solene do 25 de Abril. Só a Iniciativa Liberal e o Chega apoiaram a possibilidade de Joacine fazer uma intervenção durante a cerimónia, mas as principais críticas da deputada são dirigidas ao PS, PCP e Bloco de Esquerda. Joacine, em comunicado, afirma que “falta consciência histórica” ao PCP quando vota para a “silenciar” e sugere ao Bloco de Esquerda que escolha outro “alvo” porque é preciso combater “os antidemocratas e neofascistas”.

A deputada, que foi eleita pelo Livre, mas entrou em rutura com o partido, dirige-se ainda aos deputados do PS e afirma que “será muito difícil combaterem o populismo e a extrema-direita quando os próprios não resistem a posturas e decisões pouco democráticas sempre que têm oportunidade”.

Os socialistas já responderam às críticas e argumentam que as regras são para cumprir. O deputado socialista Pedro Delgado Alves explicou que “já tivemos dezenas de deputados não inscritos que nunca usaram da palavra” e “as regras não podem mudar em função das circunstâncias de um deputado em particular”.

O deputado socialista lembrou que Joacine deixou de representar o Livre para passar a exercer o mandato como deputada não inscrita. “Imagino que seja frustrante não falar, mas os atos têm consequências”, disse Pedro Delgado Alves, acrescentando que “se alguém se pode queixar que não tem representação é o Livre”.

A deputada Isabel Moreira também não deixou as críticas de Joacine sem resposta. “Não merece mais comentário ou reposta quem queria uma regra feita à sua medida. Imagino que se na próxima legislatura tivermos dez deputados não inscritos, por exemplo, apareça quem defenda que devem fazer todos um discurso na cerimónia do 25 do Abril. De facto quem se pode queixar é o Livre”, escreveu, nas redes sociais, Isabel Moreira.

O facto de Joacine Katar Moreira não poder discursar no 25 de Abril é uma das consequências de ter exercer o mandato como deputada não inscrita. Os deputados únicos têm três minutos e cada grupo parlamentar tem seis minutos.

“Tristes Figuras” As comemorações do 25 de Abril geraram polémica devido ao número de pessoas que vão juntar-se no Parlamento. O social-democrata António Prôa afirma que “Ferro Rodrigues é a segunda figura do Estado, mas, na verdade, o que mais faz são tristes figuras. Tristes e graves”.

O deputado municipal do PSD escreveu um post, na sua página do Facebook, sobre a atuação do presidente da Assembleia da República nas comemorações do 25 de Abril e lamenta que Ferro Rodrigues utilize “recorrentemente a voz que tem, não para representar o Parlamento, não para unir ou conciliar, mas para expressar sectarismo, radicalismo e até um indisfarçável rancor”.

António Prôa defende que o presidente do Parlamento se precipitou “em relação ao modelo de comemoração do 25 de Abril” e “desdobrou-se em declarações e entrevistas recheadas de maus exemplos”. O ex-deputado do PSD considera “grave” que Ferro Rodrigues desvalorize as petições que circulam na internet. “Trata-se de uma afirmação particularmente grave pela arrogância com que é feita”, escreve o autarca do PSD. Ferro Rodrigues afirmou, em entrevista à TSF, que as comemorações foram aprovadas no Parlamento por uma esmagadora maioria. “E, portanto, o facto de haver um abaixo-assinado ou petições na internet com centenas de milhares de assinaturas, a mim, não me diz nada. Até porque aqui as petições que entram formalmente no Parlamento são vistas caso a caso para ver se as assinaturas são verdadeiras”, acrescentou o presidente da Assembleia da República.

Ferro Rodrigues explicou ainda que “a Assembleia tem 230 deputados, mas presentes vão estar possivelmente menos de 50”. Em relação aos convidados, diz que estavam previstos “cerca de 45” mas serão “muito menos”, porque alguns têm “problemas de saúde, outros fazem parte de grupos de risco, outros porque estão em regiões autónomas e não têm maneira de cá chegar”.