Mais de 200 cidadãos impedidos de regressar ao Nicarágua

Mais de 200 cidadãos impedidos de regressar ao Nicarágua


Segundo o Centro de Direitos Humanos da Nicarágua o regime do Presidente nicaraguense está a “violar mais uma vez” os “padrões internacionais de direitos humanos” e a própria Constituição do país.


O governo da Nicarágua está a impedir o regresso de 251 cidadãos, atualmente em El Salvador, Honduras e Ilhas Caimão devido à pandemia de covid-19, denunciou hoje uma organização humanitária.

Desse grupo, 160 pessoas encontram-se nas Ilhas Caimão, nas Caraíbas, com as restantes a manterem-se nos países vizinhos da Nicarágua – 48 nas Honduras e 43 em El Salvador -, avançou o Centro de Direitos Humanos da Nicarágua (CENIDH), organização não-governamental (ONG), crítica do regime do Presidente nicaraguense, Daniel Ortega.

A ONG argumentou, em comunicado, que o governo da Nicarágua está a "violar mais uma vez" os "padrões internacionais de direitos humanos" e a própria Constituição do país, ao negar a "entrada no país de nicaraguenses oriundos de El Salvador e da ilha Grande Caimão, sem um decreto formal que encerre as fronteiras".

"E mesmo que [o decreto] existisse, não pode negar a entrada dos nicaraguenses", prosseguiu o CENIDH, tendo exigido ao governo sediado em Manágua, capital da Nicarágua, que permita o regresso dos concidadãos, porque é "um direito que têm".

A entidade revelou que os cidadãos oriundos das Honduras estão bloqueados na ponte El Guasaule, compartilhada pelos dois países, na fronteira.

As pessoas que se encontram no local estão expostas "a todos os tipos de dificuldades, sem assistência médica, nem respostas das autoridades da Nicarágua", salientou a ONG.

Já os emigrantes nas Ilhas Caimão ficaram aí retidos depois do governo de Ortega ter notificado o país caribenho que tinha encerrado as fronteiras por tempo indeterminado, devido à pandemia de covid-19, avançou a companhia aérea Cayman Airways, que tinha agendados dois voos de repatriamento no sábado.

A companhia descreveu a medida do governo de Ortega como "incrivelmente dececionante", e o CENIDH considerou "vergonhoso" que o governo das Ilhas Caimão tenha sido forçado a "assumir a proteção dos nicaraguenses", após o acue classifica como uma "decisão irracional" de Ortega.

"O CENIDH condena mais um crime desse regime. Não se sabe até onde pretende ir, a sua perversidade é incompreensível", reiterou a organização.

A Nicarágua registou, até agora, 10 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus e duas mortes, mas não decretou ainda qualquer medida de emergência face à pandemia, nem ordenou a suspensão das aulas.

O governo de Daniel Ortega, Presidente desde 2007, após já ter liderado o país entre 1979 e 1990, já foi criticado por promover eventos contra as recomendações atuais da Organização Mundial da Saúde (OMS).