A obra mais recente de Banksy foi apresentada na sexta-feira em Belém, na Cisjordânia, no hall do hotel Walled Off, inaugurado com a colaboração do artista em 2017. É um pequeno presépio, com uma clara mensagem política: as tradicionais figuras surgem pequenas diante de um muro de betão em que um buraco de projétil evoca a estrela do Natal. O hotel em si já é considerado uma intervenção – tem parte dos quartos virados para o muro de Israel e é promovido desde a abertura como tendo “a pior vista do mundo”.
Nas redes sociais, o artista que vai conseguindo permanecer anónimo partilhou durante o fim de semana uma fotografia da instalação. Chamou-lhe Cicatriz de Belém e acrescentou apenas tratar-se de um presépio modificado para o hotel. No muro podem ler-se as palavras amor e paz, desgastadas, e também o que parece ser o início da palavra liberdade.
A Wissam Salsaa, diretor do hotel, couberam as interpretações. “Banksy está a tentar ser uma voz dos que não podem falar”, disse, considerando que o presépio é uma boa maneira de fazer as pessoas pensar e mostra como vivem os palestinianos na Cisjordânia. Para Salsaa, o muro é uma “cicatriz” de vergonha para todos os que apoiaram a sua construção e a ocupação israelita. A barreira começou a ser construída em 2002 e foi declarada ilegal pelo Tribunal Internacional de Justiça de Haia em 2004.