Peso da carga fiscal em Portugal foi das que mais aumentou desde 1965

Peso da carga fiscal em Portugal foi das que mais aumentou desde 1965


Relatório da OCDE indica que impostos representam 34,7% do PIB. Peso do IRS subiu e do IRC desceu.


O peso da carga fiscal em Portugal nos bolsos dos contribuintes cresceu de 15,7% para 34,7% do PIB, nos últimos 53 anos, de acordo com as estatísticas esta quarta-feira divulgadas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). O relatório da OCDE, que aborda a realidade fiscal de 36 países durante o período entre 1965 e 2018, coloca Portugal no pódio dos países onde este crescimento se fez mais sentir – um aumento de 19% –, sendo apenas superado por Grécia e Espanha. Na Grécia, a carga fiscal cresceu 21,6%, enquanto que em Espanha o aumento foi de 20,1% do PIB.

Portugal ocupa o 16.º lugar nesta lista, que é liderada por França, onde os impostos representam 46,1% do PIB, seguindo-se Dinamarca e Bélgica, ambas com valores perto dos 45%. 

Segundo os dados da OCDE, apenas um país registou um recuo no valor do impacto dos impostos sobre os rendimentos dos cidadãos: a Irlanda. Para os contribuintes irlandeses, a carga fiscal registou uma redução de 2,2%, desde 1965. Neste momento, os impostos naquele país insular representam 22,3% do PIB, o terceiro valor mais baixo registado neste relatório. Apenas no Chile (com 21,1%) e no México (16,1%) os impostos representam menos impacto para os contribuintes. Outro dos países em que a carga fiscal é das mais baixas é nos Estados Unidos, onde os impostos representam 24,3% do PIB.

De acordo com a OCDE, os números de Portugal indicam um aumento do peso das receitas de IRS, que subiram dos 5,4% para os 6,5% do PIB, chegando mesmo a serem superiores, nomeadamente em 2013, quando a receita deste imposto atingiu valores recorde de 13,1 mil milhões de euros. A partir de 2015, a receita de IRS tem-se mantido estável, perto dos 12 mil milhões de euros.

Por outro lado, os números do IRC caíram 0,5% neste período para os 3,2%. 

O Estado recebeu 6,3 mil milhões de euros das empresas em 2017, o que reflete, ainda assim, um aumento comparativamente com os 4,7 mil milhões de euros encaixados em 2000. Os números, porém, não acompanharam o crescimento do PIB nacional.