À primeira vista parece uma pérola como qualquer outra. Arredondada, suave, suficientemente brilhante, rosa-suave. Não se distingue por um tamanho desmesurado, mas é diferente de todas as pérolas: trata-se daquela que é conhecida como a mais antiga do mundo. Conhecida por “Pérola de Abu Dhabi”, a joia é a estrela de uma exposição chamada 10 000 anos de Luxo, que abre portas no final deste mês, no Louvre daquela cidade dos Emirados Árabes Unidos.
Datada do período Neolítico, por volta de 5000 a 5800 anos a.C., a pérola tem, assim, cerca de oito mil anos e foi descoberta durante escavações arqueológicas na ilha de Marawah. O Departamento de Cultura e Turismo de Abu Dhabi anunciou quer a descoberta quer a exibição da peça no Louvre no passado domingo, através de um vídeo publicado no Twitter. “A descoberta da pérola mais antiga do mundo em Abu Dhabi mostra claramente que grande parte de nossa história económica e cultural recente tem raízes profundas, que remontam ao início da pré-história”, afirmou Mohamed Khalifa Al Mubarak, responsável pelo departamento.
Segundo investigadores citados pela ArtNews, a descoberta prova a teoria de que, desde os tempos do Neolítico, as pérolas eram usadas como moeda nas trocas comerciais e também usadas como adorno.
O luxo, ontem e hoje A “Pérola de Abu Dhabi” é um dos grandes chamarizes de 10 000 anos de Luxo, mas o conceito de luxo de duas mãos cheias de milénios não se conta, pois claro, apenas com uma peça. A exposição, organizada conjuntamente pelo Louvre de Abu Dhabi, a Agência France-Muséums e o Museu de Artes Decorativas (também de França), é composta por cerca de 350 objetos – desde móveis a joalharia, passado por trajes – que, ao longo dos tempos, personificam a noção de luxo para os seus contemporâneos. “Nesta exposição queremos explorar a forma como a humanidade se conectou ao luxo através do tempo e das culturas, abordando o assunto desde os antigos tesouros até à alta-costura dos nossos dias”, sintetizou o diretor do museu, Manuel Rabaté, ao jornal Khaleej Times. Entre os nomes dos designers presentes na exposição, com peças vintage e contemporâneas, contam-se Balenciaga, Chanel, Dior, Louis Vuitton, Karl Lagerfeld, Azzedine Alaïa, Maison Schiaparelli, Yves Saint Laurent ou Hermès.
Ao mesmo jornal, Olivier Gabet, curador da mostra e diretor do Museu de Artes Decorativas, lembrou que, nos dias de hoje, o luxo pode não estar ao alcance de todos mas está disseminado um pouco por toda a parte. Nem sempre foi assim, claro. “O luxo está hoje em toda a parte, cercando-nos através de objetos, imagens e linguagem. Esta exposição reúne artefactos raros mantidos nas coleções nacionais francesas, assim como peças arqueológicas preciosas recentemente encontradas em Abu Dhabi. [Acredito que], por isso, oferecerá uma nova maneira de entender a noção de luxo e as suas raízes históricas”.