Locarno. Pedro Costa, João Nicolau e Basil da Cunha na competição pelo Leopardo de Ouro

Locarno. Pedro Costa, João Nicolau e Basil da Cunha na competição pelo Leopardo de Ouro


Com “Vitalina Varela”, o seu primeiro filme desde “Cavalo Dinheiro”, que em 2014 lhe deu o prémio de melhor realização no festival suíço, Pedro Costa faz o seu regresso a Locarno. Em competição pelo Leopardo de Ouro, nesta 72.ª edição, na companhia de João Nicolau e Basil da Cunha.


Edições houve em que o cinema português se fez representar em maior número no Festival de Cinema de Locarno, que a 7 de agosto arranca para a sua 72.ª edição, a primeira sob a direção de Lili Hinstin, depois da saída de Carlo Chatrian para a Berlinale. Mas nenhuma com três portugueses em competição pelo Leopardo de Ouro: além de Pedro Costa, também João Nicolau e o lusodescendente Basil da Cunha, com uma produção suíça, mas rodada em Portugal.

É o regresso de Pedro Costa, um dos mais aguardados desta edição, cinco anos depois da estreia de “Cavalo Dinheiro”, que lhe deu então o prémio de melhor realização. Cinco anos de espera por “Vitalina Varela”, o seu novo filme, centrado na personagem com o mesmo nome – prima de Ventura, imigrante cabo-verdiano que vem acompanhando desde “Ossos” (1997) – e que havia já aparecido em “Cavalo Dinheiro”, pouco depois da sua chegada a Lisboa, de Cabo Verde.

O nome de Pedro Costa é, no texto de apresentação desta edição apontado à cabeça dos que regressam. “Uma vez mais, o Festival de Cinema de Locarno alternará nomes conhecidos do cinema contemporâneo como Koji Fukada, Ulrich Köhler, Henner Winckler e Rabah Ameur-Zaïmeche, com os de cineastas que têm sido enaltecidos por cinéfilos internacionais, como João Nicolau, Damien Manivel, Eloy Enciso Rúnar Rúnarsson, Yosep Anggi Noen e Park Jung-bum.”

A estes, junta-se um bom punhado de “estreantes”, como é o caso de Basil da Cunha, realizador lusodescentente que, depois de “Até Ver a Luz”, estreia em Locarno o seu novo filme: “O Fim do Mundo”. Uma produção suíça rodada na Amadora, onde vem trabalhando há vários anos, com elenco português e produção executiva da Terratreme.

Também na competição internacional, da qual sairá o vencedor do Leopardo de Ouro, estreará João Nicolau “Technoboss”. A sua terceira longa-metragem, protagonizada por Miguel Lobo Antunes e Luísa Cruz. A história é a de um sexagenário divorciado, à espera da reforma das suas funções como diretor comercial de uma empresa de sistemas integrados de controlo de circulação. À espera, e sentado. “A maior parte das vezes ao volante e a cantar sobre o que lhe vai passando à frente.” Uma produção da O Som e a Fúria, a contar com Mariana Ricardo como coargumentista.

À 72.ª edição do Festival de Cinema de Locarno, a representação portuguesa não se ficará pela competição internacional, que além de Pedro Costa premiou também recentemente, em 2016, João Pedro Rodrigues com o prémio de melhor realização, por “O Ornitólogo”.

Fora de concurso, estreia ainda “Prazer, Camaradas!”, de José Filipe Costa. Um documentário produzido Uma Pedra no Sapato em que o realizador recua ao pós-25 de Abril, a partir “de um conjunto de relatos orais, textos literários e diários sobre a experiência de estrangeiros e portugueses revolucionários que vieram para o centro de Portugal apoiar as cooperativas nos trabalhos agrícolas, nas clínicas, creches e na alfabetização”.

Para a secção paralela Cineastas do Presente, aquela em que há dois anos Pedro Cabeleira estreava “Verão Danado”, foi anunciado “L'Ile aux oiseaux”, da dupla luso-helvética Maya Kosa e Sérgio da Costa; e na competição Pardino d’Oro, “Vulcão: O Que Sonha Um Lago?”, da romena Diana Vidrascu, com coprodução portuguesa.