Joaquim Barreto, que esteve trinta minutos à espera de ser assistido pelo INEM perto do Parlamento, depois de ter “sentido uma forte dor no peito”, desvaloriza o episódio. “O que tenho a dizer é que correu tudo bem e que fui muito bem tratado pelo INEM”, disse ao i o deputado socialista, garantindo que tudo “não passou de um susto”. O caso de Joaquim Barreto foi bastante comentado nas redes sociais na sequência da notícia do JN de que, no mês de junho, os tempos médios de atendimento das chamadas no INEM chegaram a atingir uma média de oito minutos. Questionado sobre quanto tempo demorou a ser socorrido, o deputado socialista recordou que, na altura, não conseguiu ter a “noção do tempo”, pois estava mais “preocupado com o que estava a sentir”.
Ainda que tenha referido que foram “colegas deputados” que fizeram a chamada para o 112, o socialista garantiu ao i que, depois do incidente, não trocou impressões com os presentes, que não quis identificar, para verificar quanto tempo demorou afinal a ambulância a chegar ao local.
Joaquim Barreto, de 68 anos, adiantou que se encontra bem, que foi “trabalhar logo no dia seguinte” e que, depois de uma série de exames, o “diagnostico afasta qualquer tipo de problema cardíaco”, apontado antes para uma “costocondrite” – uma inflamação das cartilagens que ligam as costelas ao esterno.
O episódio deu-se na passada quarta-feira após uma sessão plenária. Os deputados que chamaram a ambulância tiveram de ligar três vezes para o 112, indignados com o tempo de espera. O INEM justificou o atraso com “o pico de volume de serviço verificado naquela altura na cidade de Lisboa”, de acordo com o Jornal de Notícias.
Atrasos do INEM. Coincidência ou não, o caso do socialista surge num momento em que, segundo dados internos do Instituto Nacional de Emergência Médica, foram registados vários problemas nos Centros de Orientação de Doentes Urgentes. O INEM justificou as falhas queixando-se de falta de recursos humanos, que também agrava os referidos “picos de serviço”.
Em junho, o tempo de resposta médio do INEM foi dos seis aos oito minutos. Perante esta “situação preocupante”, o CDS pediu já explicações ao Governo apontando que os “tempos recomendados” para assegurar as chamadas são de “sete segundos”. Ana Rita Bessa recordou que este não é um problema novo. No início de 2017, o presidente do INEM, Luís Meira, foi chamado ao Parlamento porque o “tempo médio era de 2,7 minutos”, o que “em si já era preocupante” e, “aparentemente, não houve melhoria”, disse a centrista.
O PSD também manifestou a sua indiganação sobre o assunto, na passada segunda-feira, considerando a "situação inaceitável na medida em que uma significativa percentagem das referidas chamadas respeita a situações de risco de vida ou para a saúde das populações". Os sociais-democratas exigem que a ministra da Saúde, Marta Temido, esclareça a demora no atendimento das chamados e se o Governo tenciona "nos três meses que restam da atual legislatura, reforçar o INEM em mais recursos humanos", pode ler-se num comunicado enviado às redações. Em abril de 2018 o partido liderado por Rui Rio também já tinha chamado os responsáveis do INEM à Assembleia da República por causa da mesma matéria.
Anteontem, Luís Meira explicou, em declarações à Antena 1, que existem “dificuldades com os recursos humanos”, porque o mês de junho teve “um elevado número de feriados e cinco fins de semana completos”.