Filho de António Costa na direção de campanha das eleições europeias

Filho de António Costa na direção de campanha das eleições europeias


“Como militante” do PS, Pedro Tadeu Costa que é filho do primeiro-ministro, decidiu participar “em regime de voluntariado” na campanha para as europeias para fazer com que o partido “tenha o melhor resultado possível”.


O filho do primeiro-ministro António Costa, Pedro Tadeu Costa, eleito pelo PS como vogal na Junta de Freguesia de Campo de Ourique, vai fazer parte da equipa de direção de campanha das eleições europeias marcadas para 26 de maio, avançou o SOL no passado fim de semana.

Ao i, Pedro Tadeu Costa confirmou que manifestou interesse em participar na campanha em “regime de voluntariado”.

O vogal da Junta de Freguesia de Campo de Ourique explicou que a base da sua decisão em participar na máquina da campanha passa por entender que “como militante” tem “uma obrigação de participar nas campanhas de modo a que o PS possa ter o melhor resultado possível, com a responsabilidade que quem de direito entenda que devo assumir”.

Também o diretor de campanha, João Azevedo, presidente da Câmara Municipal de Mangualde, confirmou a participação de Pedro Tadeu Costa nos trabalhos da campanha “em regime de voluntariado”, tal como “outros militantes e dirigentes do PS”. João Azevedo explicou ainda que a participação de Pedro Tadeu Costa resulta de uma vontade “mútua”, depois de o vogal da Junta de Campo de Ourique ter manifestado interesse em “ajudar nos trabalhos”. Para o diretor de campanha Pedro Tadeu Costa que “tem experiência e já fez várias campanhas” é “uma mais valia” na estrutura que reúne 50 pessoas de vários distritos do país e onde participam militantes das ilhas da Madeira e dos Açores.

Pedro Tadeu Costa contou ao i que desde que se filiou na Juventude Socialista (JS), aos 14 anos, já fez “várias campanhas” tendo “mais ou menos responsabilidade”. A nível nacional, por exemplo, “com responsabilidade diferentes, trabalhei na campanha presidencial de Mário Soares e depois participei em reuniões de campanha de Fernando Nobre”. Também no ano passado, como candidato, fez campanha nas eleições autárquicas. E nas legislativas de 2015 esteve ao lado do pai, António Costa, mas sem qualquer responsabilidade nas estruturas e na campanha do PS.

Quanto aos trabalhos de campanha o diretor João Azevedo disse que “já está a ser feito algum trabalho”, tendo sido realizadas algumas reuniões.

 

Percurso político

Pedro Tadeu Costa entrou na JS aos 14 anos e posteriormente, enquanto estudava, acabou por se afastar completamente do partido. Só mais tarde, em 2017, aos 27 anos decidiu filiar-se no PS. “A decisão de me filiar no PS foi muito refletida , foi uma decisão que levou muito tempo. Enquanto estudei estive alguns anos afastado do PS e depois estive vários anos a trabalhar no privado”, recordou ao i. Durante os anos de estudante do ensino superior, de acordo com o Observador, chegou a ter dúvidas sobre a sua ideologia e a pender mais para o lado do PSD e do CDS. Nessa altura, chegou à direção da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa numa lista encabeçada pelo militante da JSD, Ivan Roque Duarte.

Mas durante o Governo de Passos Coelho tornou-se “evidente” que era com a esquerda e, em particular, com o PS que mais se identificava, escreveu o Observador.

Antes de se filiar no PS, aos 24 anos, Pedro Tadeu Costa decidiu aceitar o convite do seu primo António Cardoso e integrou como independente a lista socialista de candidatos à Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica. Ocupou o 14.º lugar da lista e em 2013 acabou por ser eleito como membro da Assembleia de Freguesia.

No entanto, um ano depois, o presidente da junta, António Cardoso, foi acusado de assédio sexual e duas vogais pediram a demissão. Foi nessa altura que Pedro Tadeu passou a vogal assumindo o pelouro da Inovação do Empreendedorismo.

Nas últimas autárquicas, em 2017, quando era militante do PS há quatro meses, decidiu aceitar o convite de Pedro Cegonho – que à data era presidente da Junta de Campo de Ourique, presidente da Associação Nacional de Farmácias e da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE) – para fazer parte da lista do PS. Ocupou o 3.º lugar da lista de candidatos e foi eleito vogal na freguesia onde reside e onde chegou a ter um bar com amigos, tendo a seu cargo os pelouros da Higiene Urbana, Inovação, Empreendedorismo e Economia Local, Sistemas de Comunicação e Desporto.

Licenciado em Direito, estudou durante o básico e secundário no Colégio Moderno.

 

Filhos de dirigentes nas campanhas

Esta não é a primeira vez que o filho de um destacado dirigente do PS acaba por participar em equipas de campanha, com funções na logística ou mesmo na organização de um congresso. Francisco César, filho de Carlos César e atual líder parlamentar regional do PS/Açores, foi o responsável pela logística de campanha das legislativas de 2015. Um ano mais tarde, Francisco César foi escolhido pela Comissão Nacional do PS, o órgão máximo entre congressos, para presidir à comissão de organização da XXI reunião-magna dos socialistas, já com António Costa no cargo de primeiro-ministro.

Francisco César foi eleito líder da bancada socialista regional dos Açores no passado dia 13 de março, com 96% dos votos, sucedendo a André Bradford, o nome indicado pelo PS/Açores para as listas das eleições europeias de 26 de maio.

A pré-campanha eleitoral já está na estrada e na semana passada Pedro Marques, o cabeça de lista socialista, deu uma entrevista à RTP3 onde evitou responder à pergunta sobre se estaria disponível para assumir o cargo de comissário europeu, um cenário em cima da mesa, já noticiado pelo SOL. “Quanto mais força tiver o PS nestas eleições, mais força terá o primeiro-ministro para escolher a pasta”, defendeu o candidato sem se comprometer. A pasta desejada na Comissão Europeia é a dos Fundos Estruturais, mas tudo depende do desenho e peso de cada família política europeia.

Se a pasta dos Fundos Estruturais não ficar nas mãos de Portugal, então há um plano B, o da digitalização. Neste cenário, a número dois da lista, Maria Manuel Leitão Marques, pode ser o nome indicado pelo Governo, segundo avançou o Jornal Económico.