Max Medici (Danny DeVito), dono de um circo em declínio, coloca ao cuidado da ex-estrela Holt Farrier (Colin Farrell) e dos seus filhos, Milly (Nico Parker) e Joe (Finley Hobbins) um elefante bebé, ridicularizado por todos pelo tamanho desproporcionado das suas orelhas. Isto até ao dia em que se descobre que elas lhe permitem voar, e que Dumbo levará o circo de volta à ribalta – e chamará a atenção de V. A. Vandevere (Michael Keaton), um empresário que o contratará para o seu parque de diversões.
História mais do que conhecida, ou não tivesse sido Dumbo (1941) logo a quarta longa-metragem de animação a ser produzida pela Disney. A data para a estreia do remake de Tim Burton de um dos maiores clássicos do cinema de animação pode não parecer redonda. Mas é. Foi afinal em 1939, há 80 anos, que a história escrita por Helen Aberson e Harold Pearl apareceu pela primeira vez, não em livro, mas num dispositivo a que se chamava roll-a-book: uma caixa com pequenos botões que se giravam para que a história fosse aparecendo numa pequena janela. Dumbo, O Elefante Voador, era o título da história da qual não se conseguiu, segundo a Disney, localizar um único exemplar. Existem os livros, que o próprio Walt Disney mandou publicar assim que adquiriu os direitos da história, com uma tiragem de 1.430 exemplares.
Arcade fire e o politicamente incorreto Eram os anos em que a Disney fazia a transição para a longa-metragem. Depois de Branca de Neve e os Sete Anões, estreado em 1937, ao cabo de três anos de trabalho, e de Pinóquio e Fantasia, ambos de 1940, Dumbo, originalmente pensado como curta-metragem, com a duração de 30 minutos, acabou por dar uma longa com 64 – a mais curta longa alguma vez produzida pela Disney, que acabaria por fazer o seu caminho até aos Óscares: Melhor Banda Sonora, além da nomeação na categoria de Melhor Canção Original: Baby Mine, que regressa agora reinterpretada pelos Arcade Fire nesta nova verão de Tim Burton, numa produção entre a Walt Disney Pictures e a Tim Burton Productions.
Tim Burton, que na década de 1980 começou a trabalhar nos estúdios da Disney, onde estreou curtas-metragens como Vincent (1982) e Frankenweenie (1984), e que em 2010 assinalou o regresso da Walt Disney Pictures a um outro dos seus grandes clássicos: Alice no País das Maravilhas .
Agora, em 2019, Dumbo junta-se a um elenco que junta Colin Farrell, Michael Keaton, Danny DeVito e Eva Green em forma de personagem animada, em live-action, naquele que está a ser recebido como um dos mais consistentes filmes de animação em live-action dirigidos pelo realizador de Eduardo Mãos de Tesoura (1990), Ed Wood (1994) e A Noiva Cadáver (2005).
Ao contrário do que aconteceu com outros remakes de clássicos estreados recentemente, como A Bela e o Monstro (2017), de Bill Condon e também produzido pela Walt Disney Pictures, Tim Burton (e Ehren Kruger, argumentista) optaram por não regressar a um Dumbo congelado no tempo. Ao ponto de vista do pequeno elefante, a partir da qual era contada a história original, são acrescentados os de várias personagens interpretadas por humanos. Dos 64 minutos originais, Tim Burton conta uma história ao longo de quase duas horas.
“Estão a fazer-se muitos remakes”, disse o realizador, citado pela IndieWire. “O Dumbo é complicado, certo? Aquilo que me interessou no Dumbo foi o facto de ser um daqueles para os quais não é possível fazer um remake, por muitas razões. Se alguém me perguntasse, ou aos miúdos com quem cresci, ‘do que é que te lembras do Dumbo?’, é dele a perder-se, a embebedar-se com champanhe. O tipo de coisas que não se pode fazer hoje em dia, politicamente.” E acrescentou: “Senti-me confortável com este filme. Fazer um filme em live-action é uma coisa diferente. Estamos sempre à procura de encontrar o tom certo. O que tentei foi encontrar atores que parecessem estranhos, para servirem o elefante”.