Ninguém para Seferovic. Aos 27 anos, o internacional suíço está a cumprir a melhor temporada da carreira, somando 19 golos pelo Benfica – 12 dos quais desde o início de 2019, todos apontados já com Bruno Lage ao leme dos encarnados. Das quase duas dezenas de tentos, 15 foram marcados no campeonato, e o desta segunda-feira, o terceiro das águias no robusto triunfo (mais um) sobre o Chaves (4-0), teve mesmo o condão de elevar o atacante a um patamar onde ainda nunca havia estado: o de melhor marcador de um campeonato nacional – ultrapassou Bas Dost (Sporting) e Dyego Sousa (Braga), que ficaram em branco nesta ronda, tal como as respetivas equipas.
Este foi, de resto, o oitavo jogo consecutivo de Seferovic a faturar no campeonato, num registo só alcançado até agora por alguns dos maiores nomes da história do Benfica: Espírito Santo fê-lo em 1947/48 e Jonas na época passada (o 10 encarnado já tinha, na fase inicial da temporada, conseguido uma série de dez rondas seguidas a faturar na liga). Em 1960/61, José Augusto marcou em nove jornadas seguidas, com Eusébio a repetir o feito em 1964/65; o recorde pertence a Julinho, que em 1949/50 levou 12 jornadas consecutivas a marcar.
Até aqui, a melhor temporada de Seferovic havia sido a de 2014/15, a primeira ao serviço dos alemães do Eintracht Frankfurt. O avançado suíço apontou 11 golos, dez dos quais na Bundesliga. Nas duas épocas seguintes fez apenas quatro golos, conseguindo sete no primeiro ano de águia ao peito (só quatro no campeonato). Entrou, de resto, em grande, com três golos nas primeiras três jornadas, mas nem assim chegou a ser alguma vez o melhor marcador da liga – Aboubakar (FC Porto), por exemplo, já levava quatro na terceira jornada.
Nas duas primeiras épocas de sénior, no Grasshoppers, Seferovic ficou em branco, tal como na primeira na Fiorentina e na passagem de seis meses pelo Lecce, depois de dois golos noutros seis meses no Neuchatel Xamax. Fez um golo pelos viola na primeira metade de 2012/13, mostrando finalmente veia goleadora na segunda metade dessa temporada, quando foi cedido ao Novara, da Serie B italiana: dez golos em 19 jogos. Acabaria, porém, por voltar a desiludir na passagem pela liga espanhola: apenas quatro golos em 39 jogos na Real Sociedad. Seguiu depois para a Alemanha, onde conseguiu então uma época com 11 golos e duas seguidas com quatro, antes de assinar pelo Benfica.
Artilheiros mais poupadinhos O golo ao Chaves permitiu então a Seferovic assumir a dianteira da lista dos artilheiros do campeonato português, que ainda assim continua a perder no confronto com a maioria das grandes ligas europeias. Só a Bundesliga se equipara – e curiosamente com um artilheiro… também dos quadros do Benfica: o sérvio Luka Jovic, de 21 anos, que soma 15 golos em 21 jogos pelo Eintracht Frankfurt e de quem já se diz estar a ser seguido por alguns dos maiores tubarões do futebol mundial, nomeadamente Barcelona e Chelsea. Na tabela portuguesa, Seferovic é seguido de muito perto por Bas Dost e Dyego Sousa, ambos com 14 golos, estando o sportinguista Bruno Fernandes mais atrás (11). Na Alemanha, Jovic é perseguido por Reus (Dortmund) e Lewandowski (Bayern Munique), ambos com 13 golos, com Paco Alcácer (Dortmund) e Yussuf Poulsen (RB Leipzig) com 12.
Em Inglaterra, Aguero e Salah partilham a liderança da artilharia, com 17 golos, embora o argentino do Manchester City leve vantagem por ter menos quatro jogos que o egípcio do Liverpool. Logo atrás surgem Kane (Tottenham) e Aubameyang (Arsenal), ambos com 15. Na Serie A italiana o rei é Cristiano Ronaldo, com 19 tentos, mas sempre com a sombra da revelação Piatek, que soma 18, e também do “velhinho” Quagliarella, que na última ronda apontou o 17.º tento na prova.
Na Ligue 1, folga maior para o líder, o fenómeno Mbappé, que já leva 22 golos em 20 jogos. O colega Cavani é o mais direto perseguidor e já vai com menos cinco, com Pépé, colega de José e Rui Fonte, Xeka e Rafael Leão no Lille, a seis. E depois há o caso… que é um verdadeiro caso sério: Messi, pois claro. O argentino leva já 25 golos em 23 jogos disputados na liga espanhola, somando mais nove que o segundo, o colega Luis Suárez. O terceiro, o uruguaio Stuani, do Girona, leva… 13.
Messi protagoniza também o único caso de um artilheiro que melhorou os números em relação à última temporada. Em 2017/18, por esta altura, a Pulga somava “apenas” 22 golos – e acabou com 34. Em Itália, por exemplo, Immobile levava os mesmos 22, mais três do que Ronaldo soma agora, marcando mais sete até ao fim da prova (e partilhando o troféu de melhor marcador com Icardi, do Inter de Milão). Em França, Cavani, do PSG, seguia com 23 (acabou com 28), enquanto na Alemanha Lewandowski tinha 20 (terminou com mais nove). Na Premier League, decorridas 27 jornadas, Kane somava 23 golos e Salah 22 – o egípcio acabaria por ganhar a corrida ao sprint ao inglês, vencendo o troféu com 32 golos contra 30. Para fechar, o caso português: em 2017/18, decorridas 23 rondas, Jonas tinha já 25 golos. Fechou a época com 34.