A ex-chefe de gabinete do primeiro-ministro, Rita Faden, vai assumir em janeiro a presidência da Fundação Luso-Americana (FLAD), sucedendo a Vasco Rato. O novo cargo da chamada ‘dama de ferro’ já foi, aliás, comunicado ao departamento jurídico do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), no qual Rita Faden ocupava o cargo de direção, sabe o i.
Desta forma, antes de assumir a presidência da FLAD, com um mandato de cinco anos, Rita Faden teve uma passagem relâmpago (três meses) pelo MNE. O despacho de exoneração do gabinete de António Costa tem data de 30 de setembro de 2018. E o despacho que a nomeia como presidente da FLAD – que vai ser assinado pelo primeiro-ministro – ainda não foi publicado mas o i sabe que a ex-chefe de gabinete de Costa assume funções no início de janeiro.
O i questionou o MNE sobre a saída de Rita Faden e fonte oficial remeteu para o gabinete de António Costa dizendo apenas que “a nomeação do ou da presidente da FLAD é competência do primeiro-ministro”.
Já o gabinete de António Costa não respondeu ao i até à hora de fecho desta edição.
No início de dezembro, o SOL já tinha avançado que Rita Faden era o nome apontado para suceder ao antigo vice-presidente do PSD, Vasco Rato, que já tinha sido informado, nessa altura, que não seria reconduzido aos comandos da FLAD. À data o SOL questionou a fundação que se limitou a dizer que “todos os esclarecimentos devem ser prestados pelo gabinete do primeiro-ministro”.
Cores políticas Rita Faden – que terá saído do gabinete de António Costa depois de se incompatibilizar com o primeiro-ministro – será a quarta presidente da FLAD, cujo cargo tem acompanhado a cor política do governo em funções. A exceção foi o primeiro presidente da fundação, Rui Machete, que ocupou o cargo durante 22 anos, entre 1987 e 2010.
Depois da saída de Machete, o então primeiro-ministro, José Sócrates (PS), nomeou para a presidência da fundação a sua ex-ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues (PS), que ocupou o cargo durante três anos, entre 2010 e 2013. Foi então que o ex-primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho (PSD), nomeou Vasco Rato (PSD) para a presidência da FLAD.
Além de Rita Faden, o gabinete do primeiro-ministro já nomeou os novos cinco membros do conselho de curadores, com início de funções a 3 de dezembro com um mandato de sete anos. Na lista dos novos membros de curadores encontra-se a ex-ministra da Cultura e deputada do PS, Gabriela Canavilhas, a investigadora Elvira Fortunato, o historiador Rui Ramos e o ex-deputado do CDS, José Nogueira de Brito. Também o ex-secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e para Cooperação e ex-deputado do PS, José Alberto Lamego – que é também ex-marido da anterior Presidente da Assembleia da República Assunção Esteves – está na lista de novos curadores da FLAD.
Além dos curadores nomeados pelo governo português, também os Estados Unidos, através da embaixada, nomeiam outros dois membros deste organismo da fundação. Neste caso os mandatos são apenas de quatro anos. Um dos curadores nomeados pelos EUA é a diplomata americana Herro Mustafa, que tem raízes curdas, cujo mandato termina a 2021. O outro é o empresário Mário Ferreira, CEO da Douro Azul, cuja mandato termina em janeiro de 2019.
288 mil euros de salários A FLAD não divulga os salários dos dirigentes. Mas o último relatório de contas, de 2017, revela que em 2016 os três administradores remunerados do conselho executivo, onde se inclui Vasco Rato, recebiam, no total, 288 mil euros. Distribuindo o valor pelos três, a média salarial é de 96 mil euros anuais, o que corresponde a 6.800 euros brutos mensais.
Este valor já tem em conta o corte de 30% nos salários que entrou em vigor quando Vasco Rato tomou posse.
Os curadores não são remunerados mensalmente mas têm direito a ajudas de custos para alojamento e transporte. A fundação foi criada em 1985 e tem como objetivo fomentar a cooperação entre Portugal e os Estados Unidos, sendo uma instituição nacional, “privada e financeiramente autónoma”.