A Autoeuropa prepara-se para retirar milhares de automóveis do Porto de Setúbal. A chegada de um navio cargueiro de transporte de veículos foi marcada para as seis da manhã de hoje, mas esta operação motivou, desde logo, a convocatória de uma concentração dos estivadores também para hoje às oito da manhã, à porta do terminal, para tentar impedir que estes carros sejam retirados.
Segundo o jornal “Público”, este tipo de operação chega a demorar cerca de 16 horas (dois turnos de trabalho) e implica que estejam afetos ao serviço cerca de 50 trabalhadores. E foi exatamente este o ponto que levou à mobilização, uma vez que não foram convocados para este trabalho por influência da paragem dos trabalhadores precários afetos a dois dos terminais do porto de Setúbal, desde o dia 5 de novembro.
O navio Pagglia, que chega através do sistema Marine Traffic, com capacidade para três mil automóveis e que irá utilizar o terminal ro-ro, partiu com mil carros do Porto de Santander, em Espanha, e deverá retirar dois mil carros em Setúbal.
Em comunicado, a Autoeuropa explicou que “o navio que dará entrada hoje no Porto de Setúbal faz parte das escalas regulares de transporte de veículos para o porto de Emden, na Alemanha, não se tratando de qualquer ação especial”. No entanto, esclarece também que “até ao momento, já foram cancelados sete navios. O planeamento do navio de hoje teve por base a garantia de uma solução para o embarque de veículos dada pelo governo e pelo operador logístico”.
Para assegurar a segurança das pessoas envolvidas nesta ação, os meios da Polícia de Segurança Pública vão ser reforçados com agentes destacados para a porta da empresa Operestiva, o alvo principal da contestação dos trabalhadores em luta, na Avenida Rodrigues Manito, onde os estivadores têm estado concentrados – um reforço que já era visível na quarta-feira junto ao Comando Distrital da PSP de Setúbal, na Avenida Luísa Todi.
A Autoeuropa chegou mesmo a ameaçar parar a produção, mas acabou por recorrer aos portos de Vigo e Santander, em Espanha, e ao de Leixões, que irão começar a ser utilizados no final desta semana, de forma temporária, para enviar os automóveis produzidos pelo grupo VW em Portugal.
Durante esta greve, os trabalhadores, em coordenação com o Sindicato dos Estivadores e Atividades Logísticas (SEAL), exigem a negociação para a celebração de um contrato coletivo de trabalho, algo que as empresas de trabalho portuário não aceitam negociar enquanto esta paralisação não for cancelada.