O impasse político que se vive na Suécia desde as últimas legislativas resultou numa moção de censura que afastou ontem o primeiro-ministro sueco, Stefan Löfven, do cargo político. Löfven perdeu o apoio do Parlamento e a moção de censura ao governo do social-democrata apresentada pela oposição sueca foi aprovada com 204 votos a favor e 142 contra.
Os votos favoráveis ao afastamento de Löfven têm a assinatura dos representantes da Aliança, a coligação de centro e extrema-direita da Suécia, da qual fazem parte o Partido Moderado, o Partido do Centro, Democratas Cristãos e Liberais.
Nas últimas eleições parlamentares, Löfven, no poder desde 2014, não conseguiu a maioria absoluta e a coligação de centro-esquerda, que inclui o Partido Social-Democrata, Partido Verde e Partido da Esquerda, conseguiu eleger apenas mais um deputado do que a Aliança de direita, 144 deputados contra 143, respetivamente, sendo que os Democratas da Suécia (SD) elegeram 62 deputados. Numa análise geral, nenhum dos principais blocos políticos conseguia a maioria absoluta nas eleições de 9 de Setembro.
O que pode acontecer?
Para já, Stefan Löfven e o seu executivo deverão permanecer em funções até o parlamento sueco nomear um novo governo, processo que pode levar algumas semanas, ou meses.
Na Suécia existem dois grandes blocos políticos. De um lado, a Aliança e do outro, a coligação centro-esquerda. Mas, existe ainda uma terceira força política representada no Parlamento, o SD nacionalista, com quem nenhum dos dois principais blocos quer ligações para governar. Alguns deputados de direita ponderaram uma cooperação com o partido que se assume anti-imigração, mas tanto o Partido do Centro como os Liberais não concordaram e garantiram mesmo que romperiam a aliança se os Democratas Suecos e os Democratas Cristãos negociassem qualquer acordo. De uma forma geral, os dois blocos principais recusam apoiar-se um ao outro e excluem qualquer acordo com a extrema-direita.
O cargo de primeiro-ministro pode ir para o conservador Ulf Kristersson, líder do Partido Moderado, o maior dos quatro que integram a Aliança. Em parte, porque o novo presidente do Parlamento, escolhido na passada segunda-feira, é Andreas Norlen, eleito com os votos da principal força de oposição, a Aliança de centro-direita, e da extrema-direita dos Democratas da Suécia. O atual presidente do Parlamento conseguiu derrotar a candidata da coligação do primeiro-ministro Stefan Lovfen, Asa Lindestam, atingindo 203 votos, contra 145.
Para Lövfen conseguir um novo mandato seria necessário que uma maioria não votasse contra si, situação pouco provável, já que a Aliança e o SD prometeram votar contra.
Perante o cenário fragmentado, uma forma de governo estável torna-se complicada. Primeiro, o SD nacionalista poderia quebrar o impasse se um dos dois blocos negociasse com ele. Depois, o partido de Löfven descartou o apoio de um governo minoritário do bloco Aliança e, finalmente, dois dos quatro partidos da Aliança garantem que vão desistir da união se for feito um acordo com os Democratas da Suécia.
Se houver quatro tentativas falhadas de formar governo, serão convocadas novas eleições, um cenário que nunca aconteceu antes.