Santana e os oligarcas


Com a sua fama de ‘enfant terrible’, errante e aparentemente irreverente, Santana é o espelho de um sistema aparentemente sustentável (apesar de endividado), aparentemente regenerador (apesar de corporativista), aparentemente descentralizador (apesar de recusar que os municípios lancem e cobrem os seus impostos).


Santana Lopes é um tipo impecável. Tão impecável que serve de bom grado a todos os intentos do regime. Com a sua fama de ‘enfant terrible’, errante e aparentemente irreverente, Santana é o espelho de um sistema aparentemente sustentável (apesar de endividado), aparentemente regenerador (apesar de corporativista), aparentemente descentralizador (apesar de recusar que os municípios lancem e cobrem os seus impostos).

Sendo aparentemente o que dizem que é, Santana é facilmente usado pela oligarquia do regime. Em 2005, e perante as sondagens, o PS achava que Ferro Rodrigues devia ser o novo primeiro-ministro. Sampaio, ao aceitar Santana Lopes para substituir Durão Barroso, fez Ferro Rodrigues amuar e lançou os socialistas no colo de Sócrates. Para validar o novo líder a oligarquia não descansou enquanto não despachou Santana, o homem perfeito para a ocasião. Para o efeito tudo serviu. Ele foi a criança irresponsável que tinha de ser afastada. A imprensa trucidava-o todos os dias. A extrema-esquerda ria-se enquanto o PS esperava a salvo nas mãos de Sócrates.

Em 2018, o maior pavor dos socialistas é uma direita unida. O pior que podia acontecer ao PS era que o PSD e o CDS se juntassem. É provável que com o desaire eleitoral que se avizinha a direita pondere a possibilidade de uma aliança. Um risco para a oligarquia que se quer manter para além de 2019. Para tal, nada melhor que Santana. Santana que já não nos é apresentado como a criança na incubadora, mas um homem de estado que debate com Vitorino e César. Um instrumento que a oligarquia socialista condescendentemente aceita e promove. Até para a maioria dos comentadores políticos, Santana passou de um primeiro-ministro desastroso para um político carismático cujo novo partido pode dividir o PSD. Aparentemente a vaidade permite que se seja instrumentalizado desta forma. Entretanto, e enquanto a direita se desmembra, a extrema-esquerda continua a rir-se e a oligarquia a mexer os cordelinhos. Bem-vindos à rentrée de 2018-19. 

 

Advogado. 

Escreve à quinta-feira 


Santana e os oligarcas


Com a sua fama de ‘enfant terrible’, errante e aparentemente irreverente, Santana é o espelho de um sistema aparentemente sustentável (apesar de endividado), aparentemente regenerador (apesar de corporativista), aparentemente descentralizador (apesar de recusar que os municípios lancem e cobrem os seus impostos).


Santana Lopes é um tipo impecável. Tão impecável que serve de bom grado a todos os intentos do regime. Com a sua fama de ‘enfant terrible’, errante e aparentemente irreverente, Santana é o espelho de um sistema aparentemente sustentável (apesar de endividado), aparentemente regenerador (apesar de corporativista), aparentemente descentralizador (apesar de recusar que os municípios lancem e cobrem os seus impostos).

Sendo aparentemente o que dizem que é, Santana é facilmente usado pela oligarquia do regime. Em 2005, e perante as sondagens, o PS achava que Ferro Rodrigues devia ser o novo primeiro-ministro. Sampaio, ao aceitar Santana Lopes para substituir Durão Barroso, fez Ferro Rodrigues amuar e lançou os socialistas no colo de Sócrates. Para validar o novo líder a oligarquia não descansou enquanto não despachou Santana, o homem perfeito para a ocasião. Para o efeito tudo serviu. Ele foi a criança irresponsável que tinha de ser afastada. A imprensa trucidava-o todos os dias. A extrema-esquerda ria-se enquanto o PS esperava a salvo nas mãos de Sócrates.

Em 2018, o maior pavor dos socialistas é uma direita unida. O pior que podia acontecer ao PS era que o PSD e o CDS se juntassem. É provável que com o desaire eleitoral que se avizinha a direita pondere a possibilidade de uma aliança. Um risco para a oligarquia que se quer manter para além de 2019. Para tal, nada melhor que Santana. Santana que já não nos é apresentado como a criança na incubadora, mas um homem de estado que debate com Vitorino e César. Um instrumento que a oligarquia socialista condescendentemente aceita e promove. Até para a maioria dos comentadores políticos, Santana passou de um primeiro-ministro desastroso para um político carismático cujo novo partido pode dividir o PSD. Aparentemente a vaidade permite que se seja instrumentalizado desta forma. Entretanto, e enquanto a direita se desmembra, a extrema-esquerda continua a rir-se e a oligarquia a mexer os cordelinhos. Bem-vindos à rentrée de 2018-19. 

 

Advogado. 

Escreve à quinta-feira