O “Correio da Manhã” de 20/03/18, data em que entrou a Primavera de 2018, anuncia na pág. 22, em letras enormes, que a “Educação Física”, vs. “Motricidade Humana” vs. “Cinesiologia”, (este é o nome, no futuro), vai passar a contar para a entrada na Universidade.
É de facto triste que, passados 78 anos da criação da 1ª Escola Superior de “Educação Física” (Cinesiologia), do Estado, seja notícia bombástica, o que significa duas coisas: primeiro, que Portugal ainda é um país muito atrasado e que se enquadra, perfeitamente, no ambiente em que George Balandier, apelidava de “Terceiro Mundo”; segundo, que seja notícia de 1ª página aquilo , que, desde sempre, devia ser, uma coisa perfeitamente natural, aparecer agora como um fenómeno excepcional, e quase sobre-natural, o que só coloca mal o Ministério da Educação, ou melhor, a sua Equipa Dirigente, pois, segundo o “C.M.”, ainda não é garantido, que a medida avance, desde já.
Em 2012, com Nuno Crato, aquela “disciplina”, deixou de contar para a média de acesso ao Ensino Superior, o que só prova que ainda é possível haver governantes políticos, no Ministério da Educação, com esta mentalidade tão retrógrada, que ficariam “bem”, na fotografia dos anos “30”, do século passado.
Para ser sociólogo, não basta estudar Sociologia, é preciso muito mais que isso, e nós tivemos a sorte de termos sido incentivados para esta área, pela mão de um verdadeiro cientista das coisas sociais, nosso colega numa Instituição de Ensino Superior, de seu nome Sedas Nunes, que nos disse que “até nas barracas de madeira, no passeio do Campo Grande, se fazia e ensinava Sociologia, e o que era importante era ensinar as pessoas a pensar, e tudo o resto surgiria de forma natural”. Com ele aprendemos, nos anos 60, que Sociólogos há poucos, sociologistas há muitos, a diferença é que estes últimos trabalham em Sociologia, servindo-se das ideias dos outros, enquanto que os Sociólogos criam Sociologia, acrescentam qualquer coisa, têm ideias próprias, são uma mais valia para a sociedade, pois podem ajudar a projectar o futuro, através de uma visão prospectiva, que conseguem ter, fruto do conhecimento do passado (História), e das vivências do presente.
Daqui que a Doutora Filomena Mónica seja uma referência no conhecimento, na inteligência, no espírito livre, de ideias próprias, e uma mais valia para a sociedade portuguesa, pois esteve sempre, à frente, levando meio século de avanço, no campo das ideias.
Já opinámos que é absurdo, em nossa opinião, não ser a Universidade a escolher directamente os seus futuros alunos, através de um exame de admissão, próprio, aliás como era no passado, e não está provado que os actuais “licenciados” de Bolonha, sejam melhores que os da “reforma anterior” (5 anos, em vez de 3 anos), pois que, alguns, até são conhecidos por “analfabetos funcionais”, ou seja, sabem ler mas não entendem aquilo que leem.
É pena que a “Comunicação Social” não tenha jornalistas especializados no Fenómeno Desportivo, que não tem nada a ver com Futebol Espectáculo, porque dessa forma entenderia para que serve a tal “Disciplina”, que a maioria da população portuguesa desconhece
“Desenvolvimento e Adaptação Motora”, como disciplina teórica, daria aos alunos, quer do Secundário, quer das Faculdades, acompanhada de uma cadeira de Higiene Geral, a noção do que é o seu (deles) organismo, como se pode educá-lo, como é possível chegar aos 80 anos sem tomar qualquer remédio, saber qual a anatomia do corpo humano, em que condições é possível a adaptação, sem atingir uma fadiga extrema (parabiose), que pode levar à morte, qual o interesse da homeostasia, qual a importância de sermos homeotérmicos e não poiquilotérmicos, como podemos educar o movimento, o que é o estereótipo motor-dinâmico, o que é uma “dieta”, o que são aminas vitais, quantos litros de sangue temos (5 litros), o que é o síndrome geral de adaptação, etc., etc. …
Depois de saberem isto, então percebem o que é e para que serve a dita (ainda) “Educação Física”, e percebem que não interessa nada que o Ministério da Educação perceba isto, ou não, a sociedade e os cidadãos, é que têm que saber, porque isso faz com que estejam vivos, com qualidade de vida (saúde) e com alegria e felicidade de viver e de ter conhecimento, e consciência, de que temos de ser nós a determinar o nosso futuro e não o Estado.
Sociólogo
Escreve quinzenalmente