Que este governo não governa, antes gere clientelas, já há muito o digo nesta coluna. Não deixa de ser curioso que seja agora, na semana em que António Costa consegue mais um Orçamento, que essa perceção ganhe forma. Até Miguel Sousa Tavares o admitiu na sua última crónica no “Expresso”; até Marcelo Rebelo de Sousa o reconhece, com o seu afastamento. E quando estes dois dizem algo em voz alta é porque a maioria já o pensa há algum tempo.
Que este governo não governa, antes gere clientelas, já há muito o digo nesta coluna. Não deixa de ser curioso que seja agora, na semana em que António Costa consegue mais um Orçamento, que essa perceção ganhe forma. Até Miguel Sousa Tavares o admitiu na sua última crónica no “Expresso”; até Marcelo Rebelo de Sousa o reconhece, com o seu afastamento. E quando estes dois dizem algo em voz alta é porque a maioria já o pensa há algum tempo.
A embrulhada do Infarmed, que mais não é que uma compensação de expetativas criadas com a possível ida para o Porto da Agência Europeia do Medicamento; a cedência aos sindicatos dos professores, uma caixa de Pandora aberta a outras exigências que pagaremos durante anos; o recuo face à força da EDP, compensada por outras cedências à força dos sindicatos, mostram o quanto este governo é fraco.
O trabalho de expor a verdadeira natureza desta originalidade governativa está feito. E agora? Além de aguardar pela derrocada, que vai ser silenciosa, pois a podridão não faz barulho ao cair, o que vamos ter pela frente? Muito provavelmente, o fim da geringonça, com o PS a deixar de ser refém da extrema-esquerda.
Com eleições ou com uma aproximação ao PSD (e ao CDS?), os políticos podem imaginar todos os cenários possíveis. Mas há um senão: a dívida que se foi acumulando e que ou se paga ou temos bancarrota. Depois de todos os avisos, apesar da dolorosa experiência do resgate da troika, os partidos ainda não perceberam que já não estamos nos anos 80 e a Europa não é a mesma.
Advogado. Escreve à quinta-feira