Do género humano


Os defeitos das pessoas são fruto da sua própria construção


Os defeitos das pessoas são fruto da sua própria construção, resultam do que elas são interiormente e daquilo que podem representar aos olhos dos outros. Aquilo a que chamamos defeito, enquanto estigma negativo, só existe porque há uma hierarquia de valores e atitudes comportamentais que todos convencionámos cumprir, civilizadamente, e que estabelece fasquias, linhas de separação que devem balizar condutas pessoais e relacionamentos sociais. A voluntária ou involuntária desatenção perante tal hierarquia, e perante princípios que são tanto mais exigentes quanto mais expectáveis a determinado nível das relações, é um sintoma perigoso e perturbador de fragilidade e ausência de espessura pessoal. Por mais que a aparência e o chamado status social configurem a evidência de uma solidez comportamental adquirida, tal pressuposto não é mais que puro preconceito, não faz parte da realidade vivida. Não há nada mais democrático que o defeito. O chamado pecado pode até perdoar-se, mas o defeito é entranha indomável. No quadro de qualquer relação, quando o defeito emerge, pequeno ou grande, cria sempre choque e desilusão pela quebra vivida de uma expetativa. 

A estultícia, a dissimulação, a cobardia, a desconfiança, a insídia são alguns defeitos que nos repugnam quando revelados, por serem na prática aquilo que em definitivo nos separa da condição do outro. É a tal linha vermelha que é pisada por quem tantas vezes nem sequer dá conta de que a pisou. É o desastre silencioso de qualquer relação. Coisa nossa, exclusiva, nunca regulável nem punível por lei. Acima da lei.


Do género humano


Os defeitos das pessoas são fruto da sua própria construção


Os defeitos das pessoas são fruto da sua própria construção, resultam do que elas são interiormente e daquilo que podem representar aos olhos dos outros. Aquilo a que chamamos defeito, enquanto estigma negativo, só existe porque há uma hierarquia de valores e atitudes comportamentais que todos convencionámos cumprir, civilizadamente, e que estabelece fasquias, linhas de separação que devem balizar condutas pessoais e relacionamentos sociais. A voluntária ou involuntária desatenção perante tal hierarquia, e perante princípios que são tanto mais exigentes quanto mais expectáveis a determinado nível das relações, é um sintoma perigoso e perturbador de fragilidade e ausência de espessura pessoal. Por mais que a aparência e o chamado status social configurem a evidência de uma solidez comportamental adquirida, tal pressuposto não é mais que puro preconceito, não faz parte da realidade vivida. Não há nada mais democrático que o defeito. O chamado pecado pode até perdoar-se, mas o defeito é entranha indomável. No quadro de qualquer relação, quando o defeito emerge, pequeno ou grande, cria sempre choque e desilusão pela quebra vivida de uma expetativa. 

A estultícia, a dissimulação, a cobardia, a desconfiança, a insídia são alguns defeitos que nos repugnam quando revelados, por serem na prática aquilo que em definitivo nos separa da condição do outro. É a tal linha vermelha que é pisada por quem tantas vezes nem sequer dá conta de que a pisou. É o desastre silencioso de qualquer relação. Coisa nossa, exclusiva, nunca regulável nem punível por lei. Acima da lei.