Os investigadores que seguem o rasto do único suspeito dos crimes de Aguiar da Beira – que há uma semana matou a tiro um militar da GNR e um civil – disseram ao i que acreditam que Pedro João Dias “tem 24 horas de avanço sobre as autoridades” que participam nas buscas para o capturar.
O homem que iniciou o ciclo de matanças em Aguiar da Beira, que foi a Fornos de Algodres trocar de carro, que seguiu até à zona de São Pedro do Sul, acabou por regressar mesmo à terra natal, Arouca. Aí se manteve dois dias escondido numa casa praticamente em ruínas, sem levantar suspeitas. Daí, depois do sequestro de mais duas vítimas, acabou por retirar a uma delas as chaves de uma carrinha Opel Astra, de cor branca, e escapou em direção ao distrito de Vila Real, percorrendo mais de 120 quilómetros por estrada. Os investigadores seguem o rasto do principal e único suspeito dos crimes de Aguiar da Beira – faz sete dias que matou a tiro um militar da GNR e um civil e feriu outras duas pessoas.
O que aconteceu na casa de Arouca Os investigadores descobriram que Pedro João Dias, de 44 anos, esteve em Arouca numa casa – habitualmente desabitada – a cerca de dois quilómetros da residência da família. De acordo com os responsáveis, Arouca é “um lugar onde ele se mexe de olhos fechados. Portanto, a escolha não aconteceu por acaso”. O homem sabe que os donos da casa residem no Porto. Mas no fim de semana é surpreendido por uma das filhas que, de quando em quando, lá dá um pulo para zelar pelos bens da família. Mal a mulher deita as chaves à porta, Pedro prende-a pela cabeça e puxa-a para o interior. Acossado após seis dias de fuga, está por tudo. Agride-a violentamente na cabeça, atira-a contra as paredes e móveis e tenta asfixiá-la, mas a vítima resiste e pontapeia-o. Ao lado, um vizinho ouviu os gritos e aproximou-se da entrada da casa. Nem tem tempo para tocar de albarda: mal chama pela vizinha, Pedro abre repentinamente a porta e o idoso é rapidamente puxado para o interior, onde fica sequestrado, tal como a mulher.
Armado, o suspeito ordena-lhe que amarre a vizinha a uma cadeira. Para acabar com a algazarra, colocou uma batata na boca da mulher para que os gritos desta não se ouvissem.
“Mato, não mato. Mato, não mato” Segundo as autoridades, “a vítima soube estar à altura da situação e foi mordendo a batata para respirar”. Depois, o suspeito amarra o homem à mulher, costas com costas, e com uma pistola apontada à cabeça de ambos ameaça com requinte: “Mato, não mato. Mato, não mato.”
“Estamos convencidos que só não o fez com medo que o barulho dos tiros o denunciassem”, explicou ao i fonte da investigação. Nessa altura, Pedro Dias percebe que está na hora de partir e retira as chaves da carrinha do bolso do idoso. Ao volante da Opel Astra, põe-se de novo em fuga. No caminho faz uma paragem até que, ao aperceber-se de que um outro condutor tenta estacionar atrás da viatura em que segue, avista a GNR. A manobra do outro carro atrasou a perseguição e Pedro conseguiu fugir por 20 quilómetros, onde acaba por largar a viatura.
O Opel foi ontem encontrado, escondido entre a vegetação na localidade de Carro Queimado, Vila Real. O suspeito terá continuado a fuga a pé, pelo mato. As autoridades não descartam a possibilidade de voltar a sequestrar alguém ou de voltar a fugir de carro. Tem sido o método utilizado.
Os investigadores asseguraram ao i que, além dos dois mortos e dois feridos graves (um outro militar da GNR e uma mulher), não têm conhecimento de mais ninguém ter sido atingido por disparos do suspeito.