Madeira de ressaca. O pior já passou, mas e agora?

Madeira de ressaca. O pior já passou, mas e agora?


Os hospitais vão voltar a ser hospitais, as paisagens já perderam o vermelho que as tingiu nos últimos dias, mas há vidas desfeitas que só daqui a muito tempo poderão voltar a ser o que eram


O abraço comovido e apertado de Marcelo Rebelo de Sousa

A Madeira chegou ontem a casa. Deitou-se e adormeceu, depois de dias e dias nas ruas. Está de ressaca.

O verdadeiro inferno já tinha passado e ao final da tarde só uma frente estava ativa, no Rabaçal, Calheta. Mas até nesse que é o maior concelho da ilha, a situação estava mais calma. Os centros de acolhimento da segurança social, por exemplo, estavam já desativados. 

Em declarações ao i, o presidente da Câmara da Calheta explicou ontem que agora existem meios suficientes para combater o fogo, o que não aconteceu num primeiro momento, quando a situação estava descontrolada no Funchal e não estavam no terreno meios do Continente e dos Açores.

 

Ter apenas uma frente ativa não significava, porém, que só houvesse fogo num só local, havia ainda incêndios no Paul da Serra e no Funchal – ainda que todos eles controlados.

O amanhã Nem tudo são boas notícias para quem só sonha com uma noite de 12h: é que já este domingo as temperaturas vão voltar a subir, o que aumenta o risco de novos incêndios. 

Segundo a Secretaria Regional da Inclusão e Assuntos Sociais o lado positivo é que o vento não estará muito forte.
Há também os que ainda só conseguiram dormir – e curar a sua ressaca – nos centros de acolhimento disponibilizados pelo governo regional. Segundo dados oficiais serão cerca de 300 – divididos por vários espaços. 

Os próximos dias serão determinantes para muitas destas pessoas, para a Madeira, e por isso o Governo Regional anunciou ontem que serão criados dois polos de atendimento para encontrar soluções para quem perdeu tudo. Sobretudo para os que tendo perdido as suas casas não estão a ser acompanhados em abrigos por terem ficado em casas de familiares.

Hoje já serão recolocados os idosos evacuados dos lares de Vale Formoso e do Santa Isabel, logo após serem acabados os trabalhos de limpeza.

Os doentes que estão da Escola Horácio Bento e no Regimento de Guarniç\ao 3, que serão transferidos novamente para o Hospital dos Marmeleiros e o Hospital João de Almada.

Casas destruídas Neste momento são mais de 150 habitações sem condições de habitabilidade e outras tantas foram muito atingidas.

O presidente da Câmara Municipal do Funchal, Paulo Cafofo, revelou ontem que se estima existirem 55 milhões de euros em prejuízos. Mais de duas centenas de imóveis foram atingidos. Destes quatros dias de incêndios resultaram já vários feridos e três mortos.

Hoje a Madeira vai acordar, já sem sono, mas esta dor de cabeça vai demorar a passar.