Está previsto abrir mais 40 novos hotéis em Lisboa. As unidades hoteleiras, que estão nas mãos de cadeias nacionais e internacionais, estão atualmente em construção ou em fase de projeto, com inauguração prevista para 2016/2017. A garantia foi dada pela consultora CBRE, ao considerar que “o ritmo de promoção de novos hotéis vai manter-se elevado em Lisboa”, refere.
Só no ano passado, a consultora contabilizou a abertura de 21 hotéis na cidade lisboeta, três vezes mais que no ano anterior. E esta tendência é para se manter. De acordo com a diretora de research e consultoria da CBRE, Cristina Arouca, “o contínuo dinamismo do setor do turismo potencializa a atratividade de Lisboa, atraindo novos operadores e incentivando outros à expansão. É, por isso, esperado um aumento do investimento no setor hoteleiro, quer pelo desenvolvimento de novas unidades, quer pela aquisição de outras já existentes”, garante.
Aliás, 2015 já foi considerado histórico para o investimento no mercado do turismo e para a hotelaria portuguesa, resultado do crescimento das dormidas e do aumento dos preços médios por quarto. Segundo a mais recente análise do mercado imobiliário em Portugal da consultora, o número total de dormidas em Portugal atingiu um novo recorde de 48,9 milhões em 2015, registando um crescimento de 6,7% face ao período homólogo do ano anterior. Este desempenho do setor hoteleiro também se refletiu num total de 1780 milhões de euros de proveitos de aposento, o que representa um acréscimo de 15% face ao período homólogo, ou seja, uma variação superior à verificada nas dormidas.
“O bom desempenho foi suportado, na sua grande maioria, pela introdução de novas rotas aéreas, eventos internacionais e melhoria da imagem e valorização da marca Portugal e, particularmente, de Lisboa no contexto internacional”, explica a consultora.
A verdade é que este aumento da oferta não é consensual. João Cotrim de Figueiredo, na altura presidente do Turismo de Portugal, revelou numa entrevista ao i que existe “uma oferta suficiente para acomodar bons anos de forte crescimento”. O responsável lembrou ainda que as taxas de ocupação médias indicavam que era possível crescer, mas que o problema não era a quantidade de oferta. “É importante que a procura continue a crescer 4% a 5% acima da oferta. Isso permite que as taxas de ocupação subam, que as diárias dos alojamentos subam, que as margens financeiras de quem está na hotelaria subam e que, com isso, haja uma saúde financeira maior dessas empresas para que, no próximo ciclo de investimento, não dependam exclusivamente do crédito porque terão os capitais próprios reforçados”, disse.
Oferta local A somar aos hotéis que ainda estão em desenvolvimento, é preciso contar também com os projetos destinados a alojamento local, que já apresentam um peso significativo na oferta.
De acordo com as contas da Associação de Alojamento Local de Portugal (ALEP), nascem na capital cerca de 200 novos alojamentos locais por mês. No entanto, a entidade acredita que, a médio prazo, a atividade vai abrandar para dar lugar ao arrendamento local. Ainda assim, lembra que este setor veio dar um novo fôlego à reabilitação urbana e ajudou a revitalizar as zonas históricas da capital.
Nas Finanças estão inscritos cerca de 20 mil estabelecimentos de alojamento local, mas ainda há muitos a funcionar à margem da lei. A própria Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) reconhece essa realidade e admite que há mais que o triplo a operar no mercado sem legalização.
Também João Cotrim de Figueiredo admitiu que via com “bons olhos” as alterações que foram feitas no alojamento local, mas acreditava que havia ainda muitos a funcionar fora da lei e que era preciso combatê-los.
Fiscalização Devido à importância desta oferta, a associação acaba de lançar um programa que pretende criar uma “rede facilitadora” de apoio aos operadores de alojamento local para que estes estejam legais no mercado. Trata-se do Quality e vai funcionar com “uma ferramenta que localiza a oferta do alojamento local anunciada nas plataformas eletrónicas” e cruza os dados com a oferta registada nas Finanças, para detetar os operadores que estão a funcionar ilegalmente e ajudá-los no “cumprimento de toda a legislação”.
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) também quer intensificar o combate aos alojamentos ilegais. Neste momento, a entidade está a fazer o cruzamento de dados entre a informação que está disponível nos sites de comercialização online e as unidades que estão registadas oficialmente. Ao mesmo tempo lançou a ficha técnica de alojamento local, um documento que visa “ajudar a promover o cumprimento” das regras estabelecidas. Com esta ficha, a ASAE consegue uniformizar os critérios de fiscalização a estes estabelecimentos, ao mesmo tempo que os empresários sabem de antemão quais os requisitos mínimos para funcionarem.