Também as contas não escondem esta “loucura”. As cinco mil pessoas que visitavam o hipermercado gastavam em média 10 contos (50 euros) e diariamente a loja de Matosinhos vendia mais de 300 aparelhos de vídeo e 500 bicicletas, mas ao fim-de-semana o açúcar (com a venda de 36 toneladas de açúcar) e as garrafas de Martini (duas mil caixas de garrafas) eram os produtos mais procurados.
“O Continente de Matosinhos tinha uma área de venda de oito mil metros quadrados contando com 48 caixas de saída, numa escala nunca antes vista em Portugal. Pela primeira vez no nosso país podiam ser adquiridos todos os produtos para o dia-a-dia no mesmo espaço”, revela a marca.
E a partir daí, de acordo com a mesma, a rotina de “fazer compras” adquiriu um novo significado e transformou-se, em muitos casos, num momento de lazer e diversão para a família”.
Essa alteração de consumo chegou mesmo a ser confirmada pela própria Associação Portuguesa de Distribuição (APED) ao garantir que as grandes superfícies deram um contributo decisivo para a modernização do comércio em Portugal.
Nova realidade
Neste momento, a marca conta com 210 lojas e tem por base “um conceito que promove uma experiência de compra diferenciadora e a proximidade com os seus clientes”. Através do seu cartão de fidelização, o Cartão Continente, concedeu mais de 1 900 milhões de euros em descontos desde 2007 dando a possibilidade a cerca de 3,4 milhões de famílias de usufruírem um conjunto de benefícios e descontos, resultante de várias parcerias com a Galp, o Rock in Rio, a Federação Portuguesa de Futebol, a MO, a Zippy, Solinca e, mais recentemente, Meu Super.
Ao mesmo tempo, Sonae espera internacionalizar a marca Continente para os Emirados Árabes Unidos, em regime de franquia com um grupo local e prevê abrir o primeiro hipermercado até ao final de 2016.
De acordo com o grupo, foi estabelecido uma parceria com o grupo local Fathima, “muito forte e já com presença na distribuição, na logística e na restauração no Médio Oriente”, assumindo-se os Emirados Árabes Unidos como a base para uma futura expansão da marca para o Médio Oriente.
No entanto, admite que a internacionalização do retalho alimentar é sempre mais difícil e depende de região para região. “É especialmente difícil no Médio Oriente, onde tem que ser com um parceiro local que vai fazer o investimento, mas chegámos a acordo com o grupo Fathima para uma expansão que terá como base os Emirados Árabes Unidos, mas que será para toda aquela região”, revelou.
Como esta aposta será feita em regime de franquia, caberá à Sonae “exportar serviços a nível da concepção da loja e desenho da gama”. Isto significa que, irá implicar levar consigo alguns dos seus fornecedores de equipamento e de soluções tecnológicas em Portugal.
Ao mesmo tempo, está previsto que sejam comercializados os produtos de marca própria nos hipermercados da insígnia no Médio Oriente. Uma realidade que, de acordo com o grupo, irá ter um papel importante para as vendas futuras, mas não nesta primeira fase. “Claro que o impacto sobre as vendas será muito reduzido nos próximos anos, iremos começar com uma ou duas lojas, mas é o simbolismo de começar [a internacionalização]”, afirmou.
Imobiliário e telecomunicações valem dois terços
Desinvestir no sector imobiliário é uma das estratégias que tem sido levada a cabo pela Sonae e que é para manter. Entre Janeiro e Junho deste ano, a Sonae SGPS, através da Sonae RP, realizou quatro operações de venda de imóveis de retalho alimentar no valor de 185 milhões de euros, com ganhos de capital de 40 milhões de euros. Uma das operações, que ultrapassou os 53,6 milhões de euros foi a venda e posterior arrendamento da propriedade onde a Sonae opera com o hipermercado Continente no Centro Comercial Colombo.
Cerca de dois terços do valor da Sonae estão nas telecomunicações e imobiliário (sobretudo Sonae Sierra e as propriedades imobiliárias de retalho), de acordo com informações avançadas pelo grupo, destacando os “resultados excepcionais” obtidos no primeiro semestre pela NOS e o “muito positivo” desempenho da Sonae Sierra.
No imobiliário, a Sonae destaca o comportamento “muito positivo” da Sonae Sierra, “com um crescimento de vendas, de ocupação, de receitas e de valorização dos activos”, e, no caso das propriedades imobiliárias de retalho, a concretização de operações de venda elevada, dando como exemplo, a operação de 185 milhões de euros, com um ganho de capital de 40 milhões de euros.