“Mr. Robot” é considerada por muita gente a série do ano, e se não concorda talvez seja porque ainda não viu nenhum episódio. Avisamos já que a probabilidade de se viciar é grande. Como também é grande a probabilidade de começar a sofrer de paranóia virtual no que diz respeito a hackers e afins. A própria Carly Chaikin, uma das protagonistas da série, no papel da hacker Darlene da fsociety (baseada em factos reais e no colectivo Anonymous), confessa que só depois de “Mr. Robot” começou a pensar na “segurança” e no que “os hackers são capazes de fazer”. E a série não podia ter chegado ao TVSéries (estreou a 6 de Novembro) em melhor altura. “É isso que a torna ainda mais especial, ser relevante no nosso tempo e em relação ao que se está a passar no mundo”, diz a actriz de 25 anos. Antes disso, Carly fazia a sitcom “Suburgatory” e não foi fácil convencer os produtores de “Mr. Robot” a deixarem-na ir às audições para o papel de Darlene.
A sua personagem, Darlene, tem alguma coisa a ver consigo?
Sim, diria que há semelhanças. Ela é muito corajosa, o que também posso ser, e teimosa. Sabe o que quer e é persistente. Também costuma dizer a verdade e não se conforma com as regras da sociedade.
E um bocado bad-ass também…
Duh! [Risos] Sim, acho que também sou.
A Darlene é uma das hackers da fsociety. Qual é a sua relação com a tecnologia? É viciada ou pode viver sem internet e sem telemóvel?
Sinto que sou muito dependente do meu telefone e da internet, por muito que não o queira admitir. Mas se estamos a ser honestos, sim, sou dependente.
Não mudou nenhum comportamento depois da série?
Acho que a minha relação com a tecnologia mudou depois da série no que diz respeito a saber o que as pessoas são capazes de fazer, e especialmente o que os hackers são capazes de fazer. A visão que tenho agora é completamente diferente, porque na verdade nunca tinha parado para pensar na segurança. E não só no computador. Olho de maneira diferente para qualquer coisa que faça que meta tecnologia.
Relativamente à sua vida e à sua carreira, muita coisa mudou também depois de “Mr. Robot”?
Nem por isso. Continuo a ser a mesma pessoa e os meus amigos e as pessoas que me rodeiam também são os mesmos. Acho que a grande mudança foi mesmo interior… Ter um projecto do qual estou realmente orgulhosa é emocionante e promovê-lo e fazer parte dele é uma sensação incrível.
A série é um êxito desde o primeiro episódio. Porque é que as pessoas responderam desta maneira?
Acho que o que é apelativo para as audiências é ser uma coisa que nunca tínhamos visto antes. A escrita é incrível, a história é realmente convincente e o Rami e os outros actores são mesmo talentosos. Tudo isso faz com que seja incrível de ver, o que é uma raridade nos dias que correm.
Está muito relacionada com a realidade e os tempos de hoje, hackers, cyberguerra… Isso faz com que seja ainda mais especial?
A série é muito especial e uma das coisas que a tornam ainda mais especial é isso, ser tão relevante no nosso tempo e em relação ao que se está a passar no mundo. Está quase à frente do seu tempo, e estar numa coisa assim tão pertinente torna-se também especial para mim.
Depois de algumas experiências na TV, como veio parar a “Mr. Robot”?
Inicialmente, o Sam Esmail [o criador da série] e o Chad Hamilton [um dos produtores executivos] não me queriam dar o papel de Darlene porque o Sam já me conhecia de “Suburgatory” [uma sitcom transmitida entre 2011 e 2014 pela ABC]. Foi a Susie Farris, a incrível directora de casting, que os convenceu de que eu tinha de ir à audição. Por fim lá concordaram que fosse e acabaram por me dar o papel.
A série marca também o regresso de Christian Slater aos ecrãs e talvez por isso também tenha captado tanta gente. Como foi contracenar com ele?
Foi incrível. Todos os anteriores grandes filmes do Christian, por exemplo o “Heathers” [de 1988, com Winona Ryder], são um pouco antes do meu tempo, então sempre soube, claro, quem ele era, mas não vivi de perto essa altura. É um tipo espectacular – tão engraçado, tão humilde, tão talentoso e com uma grande ética de trabalho. É sempre surpreendente trabalhar com um actor veterano e ter alguém que te possa inspirar. As cenas com ele tornam-se mais fáceis porque é realmente bom.
A personagem do protagonista, Rami Malek, é bastante complexa e negra. Como é trabalhar com ele? Como é que é ele fora da personagem Elliot?
Na vida real está sempre a dizer piadas e a gozar connosco. Claro que também é complexo, como toda a gente, mas é muito mais leve e divertido que a personagem. É aquele que está sempre a pregar partidas e a brincar connosco.
A série dá uma grande reviravolta nos episódios finais. Quando começaram a gravar a primeira temporada já sabia o que ia acontecer?
Sabia desde o início [SPOILER ALERT] que era irmã do Elliot e também sabia desde o início acerca de Mr. Robot. Tinha uma ideia geral da história, mas das coisas que acontecem individualmente em cada episódio só soube quando recebi o argumento.
Já foi confirmada uma segunda temporada, para Junho ou Julho do próximo ano. O que nos pode adiantar sobre isso?
Na verdade não sei nada do que se vai passar na segunda temporada. A única coisa que sei é que vamos descobrir como é que a Darlene e o Elliot começaram a fsociety.