O preto e as imagens dos atentados de ontem à noite em Paris, que fizeram pelo menos 127 mortos, dominam hoje as capas da imprensa francesa. “Guerra”, “Carnificina”, “Horror” ou “Luto” são as palavras escolhidas pelos jornais para tentar traduzir os ataques que atingiram o coração de França.
“Desta vez, é a guerra”, escreve o “Le Parisien”, manchete semelhante ao do jornal conservador de centro-direita “Le Figaro” que titula “Guerra em plena Paris”. O título é acompanhado por uma imagem de capa inteira da esplanada do café "La Belle Équipe", onde se vê vítimas mortais no chão.
Já no “Liberátion”, jornal de esquerda, onde uma fotografia de um ferido a ser transportado pelas autoridades ocupa toda a capa, a manchete diz “Carnificina em Paris”. Num texto curto, o jornal fala em seis ataques em simultâneo e numa vaga de atentados sem precedentes.
“O horror”, em letras garrafais brancas, sobre um imenso fundo preto fazia a capa do jornal desportivo “L'Equipe”. Relembre-se que um dos ataques de ontem à noite, perpetrados em simultâneo, atingiu o Stade de France onde decorria um jogo de futebol amigável entre França e Alemanha. François Hollande, presidente francês, assistia ao jogo e foi imediatamente retirado do local.
Os editoriais
“A barbárie terrorista cruzou uma linha histórica” – lê-se no editorial do “Libération”-“A sociedade francesa deve armar-se de coragem para não ceder aos assassinos, para exercer a sua vigilância e vontade inabalável para enfrentar o horror, apoiando-se nos seus princípios de direito e de solidariedade.”
“É impossível não ligar estes sangrentos acontecimentos aos violentos combates em curso no Médio Oriente. A França está a desempenhar o seu papel lá. Deve continuar a fazê-lo, sem pestanejar”, escreve o director Laurent Joffrin.
Já no editorial do "Le Parisien" lê-se: "Estes bárbaros de Deus, soldados de pacotilha cujo heroísmo consiste em matar inocentes, massacram de forma cega porque querem deixar a França em choque, paralisá-la, dividi-la". O editorial continua apelando à unidade: “Em nome dos verdadeiros mártires de ontem, as vítimas inocentes, e em nome da República, a França vai saber ficar unida.”
Com Lusa