S. Martinho de Tours, o patrono de meio mundo
Conta-se que em 300 d.C. um cavaleiro do exército romano regressava à Gália quando, durante uma tempestade, um mendigo lhe pediu esmola. Como não teria valores, cortou o manto com a espada e deu metade ao pobre. Nessa altura a tempestade desapareceu e ficou um sol radioso. O Verão de S. Martinho estava feito.
Lendas à parte, S. Martinho
foi um dos principais impulsionadores da fé cristã na Gália, hoje França. É patrono, entre outros, dos alfaiates, dos cavaleiros, dos pedintes e dos trabalhadores de restauração.
Ricas em hidratos mas sem colesterol
A Associação Portuguesa de Nutricionistas explica que, pelo teor de hidratos de carbono, a castanha constitui uma excelente fonte de energia.
Embora seja um fruto, a sua riqueza em amido torna a castanha semelhante do ponto de vista nutricional aos alimentos pertencentes ao grupo dos cereais e derivados.
Os especialistas referem a castanha como uma fonte de fibra alimentar, rica em água, com baixo teor em gordura – não tem colesterol –, uma fonte apreciável de vitaminas (nomeadamente vitamina C e folatos) e minerais
(essencialmente potássio, fósforo e magnésio). Por último, as castanhas têm
um teor considerável de polifenóis. Porém a composição varia consoante a preparação ou a confecção.
Sozinhas ou umas com as outras?
Além de poderem ser utilizadas em diversos pratos, individualmente, as versões mais comuns são piladas (secas), assadas ou cozidas. As piladas não têm qualquer preparação (há quem as seque ao calor), mas em geral são secas ao sol.
Quanto às castanhas assadas, cobre-se um tabuleiro com sal grosso, espalhando-o sobre as castanhas sem as sobrepor. Polvilham-se as castanhas com o sal. Dependendo do tamanho, vão a assar no forno a 200 graus entre 35 e 45 minutos. Deixar tostar a gosto.
Para preparar castanhas cozidas o modo é semelhante. Fazer um corte longitudinal nas cascas das castanhas, cozer em água temperada com sal e erva-doce até a casca abrir e, finalmente, provar para verificar a cozedura.
As castanhas também podem acompanhar outros alimentos – a carne de porco é um dos mais habituais. Na maioria dos pratos, as castanhas são cozinhadas à parte e adicionadas antes de servir.
Há sugestões gastronómicas que passam pela castanhas com mel ou mesmo com chocolate.
As “castas”: martaínha e longal
Em Portugal a marca é a Castanea sativa, conhecida como castanheiro-europeu, uma das quatro principais espécies de castanhanheiros do mundo. América, Japão e China dividem as restantes. Por cá, é sobretudo no interior norte e centro que se encontram as árvores que, desde a pré-história, fazem parte da base da alimentação humana. Há vários tipos de castanhas:na denominação de origem protegida estão, entre outras, a martaínha e a longal, a primeira arredondada e de cor clara, a segunda elíptica de cor avermelhada.
Faz bem à tosse
A importância histórica deste alimento é há muito reconhecida. Era utilizada como alimento base em anos de más colheitas, é antisséptica, ajuda a corrigir problemas de atraso de crescimento nas crianças, além de combater varizes, náuseas, vómitos e diarreias. Outro utilização essencial é o combate à tosse. As folhas jovens do castanheiro quando cozidas podem acalmar ataques de tosse, isto porque as folhas fazem contrair as mucosas. É ainda recomendada para a bronquite e a expectoração violenta.
Outubro, Novembro e Dezembro
Outubro, Novembro e Dezembro são os meses por excelência que marcam a colheita, e ao mesmo tempo o consumo. A plantação de um castanheiro até pode ser feita a partir de uma simples castanha, mas após dois ou três anos são necessários enxertos e para isso há variadíssimas formas de o fazer se a ideia for a produção de castanhas.
Aoutra solução, mais segura, é encontrar castanheiros já enxertados com um determinado tipo de castanha. As árvores podem atingir os 15 ou 20 metros de altura.
Com castanhas, água-pé ou jeropiga?
Atentos ao “No S. Martinho vai-se à adega e prova-se o vinho”: está a resposta dada. Apesar de haver várias teorias sobre a confecção, talvez a mais antiga seja a mistura de água no bagaço das uvas. A bebida seria feita no próprio lagar depois de o vinho ter sido engarrafado ou posto em pipas. É espalhado o mosto (bagaço das uvas), adiciona--se água, pisa-se e deixa-se ferver naturalmente. Já a jeropiga também se faz com o mosto, mas em vez de água adiciona-se aguardente. Água-pé com menos álcool, a jeropiga com mais.