A pobreza não é uma fatalidade


O emagrecimento do Estado social, a precariedade e a insegurança laboral são perspectivados com muita preocupação. 


© Rodrigo Abd/AP

Os dados recentemente divulgados mantêm-se desanimadores: o risco de pobreza ou exclusão social atinge cerca de 2,8 milhões de pessoas (27,5% da população portuguesa) em 2014, registando-se um agravamento entre as mulheres.

Na linha das orientações da Declaração e da Plataforma de Acção de Pequim (1995), alguns estudos têm integrado uma noção multidimensional da pobreza. Além dos recursos económicos e da privação material, procuram apreender a complexidade do fenómeno à luz das várias dimensões em que a privação de bem-estar pode ocorrer: mercado de trabalho, saúde, educação e formação, habitação, segurança, protecção social, família e participação social.

É ainda crucial atender a variáveis que permitam descortinar a realidade intra-agregado familiar e analisar o ciclo de vida individual. Com efeito, tal como evidenciámos num estudo publicado pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), a condição de pobreza é moldada pelas especificidades inerentes às trajectórias e condições de vida de mulheres e de homens.

O aumento da pobreza e das desigualdades sociais é inaceitável. O emagrecimento do Estado social, a precariedade e a insegurança laboral são perspectivados com muita preocupação.

Como há anos vem sublinhando a economista Manuela Silva, a desigualdade e a pobreza não são fatalidades do crescimento económico, mas sim o resultado do modelo de crescimento dominante e das políticas que o têm sustentado. Todas e todos têm direito à dignidade humana.

E este desafio não pode dispensar a integração de uma perspectiva de género. 

Professora no Instituto Superior de Economia e Gestão – U. Lisboa
Escreve à quarta-feira

A pobreza não é uma fatalidade


O emagrecimento do Estado social, a precariedade e a insegurança laboral são perspectivados com muita preocupação. 


© Rodrigo Abd/AP

Os dados recentemente divulgados mantêm-se desanimadores: o risco de pobreza ou exclusão social atinge cerca de 2,8 milhões de pessoas (27,5% da população portuguesa) em 2014, registando-se um agravamento entre as mulheres.

Na linha das orientações da Declaração e da Plataforma de Acção de Pequim (1995), alguns estudos têm integrado uma noção multidimensional da pobreza. Além dos recursos económicos e da privação material, procuram apreender a complexidade do fenómeno à luz das várias dimensões em que a privação de bem-estar pode ocorrer: mercado de trabalho, saúde, educação e formação, habitação, segurança, protecção social, família e participação social.

É ainda crucial atender a variáveis que permitam descortinar a realidade intra-agregado familiar e analisar o ciclo de vida individual. Com efeito, tal como evidenciámos num estudo publicado pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), a condição de pobreza é moldada pelas especificidades inerentes às trajectórias e condições de vida de mulheres e de homens.

O aumento da pobreza e das desigualdades sociais é inaceitável. O emagrecimento do Estado social, a precariedade e a insegurança laboral são perspectivados com muita preocupação.

Como há anos vem sublinhando a economista Manuela Silva, a desigualdade e a pobreza não são fatalidades do crescimento económico, mas sim o resultado do modelo de crescimento dominante e das políticas que o têm sustentado. Todas e todos têm direito à dignidade humana.

E este desafio não pode dispensar a integração de uma perspectiva de género. 

Professora no Instituto Superior de Economia e Gestão – U. Lisboa
Escreve à quarta-feira