Estradas. Algarve é a zona do país com mais condução com álcool

Estradas. Algarve é a zona do país com mais condução com álcool


O distrito de Faro lidera, de longe, as estatísticas do álcool na estrada. Aumento da população no Verão e vida nocturna intensa são, segundo a GNR, as principais causas do fenómeno  


O Algarve é a zona do país onde os militares da GNR apanham mais condutores alcoolizados ao volante. As estatísticas da criminalidade costumam ser lideradas pelos distritos de Lisboa e de Setúbal, mas no que diz respeito à condução sob o efeito do álcool o distrito de Faro é de longe o que apresenta maior número de infracções. 

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Só durante o ano passado a GNR detectou mais de 3 mil (3247) condutores alcoolizados nas estradas algarvias e este ano, até 18 de Agosto, as estatísticas já ultrapassaram os 2200 casos. Números superiores aos de zonas do país mais populosas e com maior circulação automóvel, como Lisboa ou Setúbal – onde em 2014 foram encontrados 2313 e 2445 condutores alcoolizados, respectivamente – ou Braga, distrito com uma das maiores redes viárias do país e onde se registaram 2810 casos. 

O aumento exponencial da população no Algarve durante o período de férias e a intensa vida nocturna são, segundo a GNR, as razões que levam o distrito de Faro a liderar a tabela de álcool na estrada. Entre o final de Maio e o fim de Setembro, a população cresce – especialmente nos meses de Junho, Julho e Agosto –, fazendo aumentar também o número de carros a circular nas estradas algarvias. “No Algarve, praticamente toda a criminalidade sobe no Verão e infracções como o álcool na estrada não são excepção”, confirma o responsável pela Divisão de Trânsito e Segurança Rodoviária da GNR. 

A este factor, que faz aumentar o número de fiscalizações da GNR especialmente direccionadas para o álcool, junta-se outro: a agitada vida nocturna no Algarve em tempo de férias. “Rara é a noite em que não há acções, planeadas e não planeadas, de fiscalização de álcool”, admite o tenente-coronel Lourenço da Silva. A repressão, segundo a GNR, é mesmo necessária: “Não há ninguém que possa dizer que desconhece que não pode conduzir sob o efeito do álcool, por isso a tónica não pode estar só na prevenção.” 

mais álcool Este ano o número de condutores apanhados com álcool subiu em praticamente todos os distritos. Entre 1 de Janeiro e 18 de Agosto, a GNR detectou 19 264 situações em todo o país, mais 2267 que as 16 997 registadas no mesmo período do ano passado. 

E o número de detenções feitas pela PSP relacionadas com álcool ao volante (condutores apanhados com taxas superiores a 1,2 g/L) confirmam a tendência de aumento. Desde Janeiro até Agosto foram detidos 6459 condutores, enquanto no mesmo período do ano passado o número não ultrapassou os 5778. 

Mas haver mais infractores não significa que os portugueses estejam a infringir mais. Segundo a GNR, o aumento dos valores tem a ver com o maior número de fiscalizações no terreno. “Tem havido um incremento na fiscalização, em sintonia com os restantes países da União Europeia”, explica Lourenço da Silva, que acrescenta: “O objectivo é ter, num futuro próximo, um número tão elevado de condutores controlados que as pessoas percebam finalmente que não compensa conduzir com álcool, fazendo assim diminuir as taxas positivas.” 

mais acidentes? Além de ser a zona do país onde a GNR encontra mais condutores com álcool a circular na estrada, o Algarve é uma região com problemas crónicos de sinistralidade rodoviária. Nos últimos dez anos, e como o i noticiou recentemente, morreram nas estradas algarvias 611 pessoas. E só desde Janeiro, e nas duas principais vias da região – a Via do Infante (A22) e a EN125 –, os acidentes rodoviários causaram pelo menos 29 vítimas mortais. O número de acidentes rodoviários no distrito de Faro tem diminuído ao longo dos anos, mas mesmo assim no ano passado verificaram-se 1769 sinistros. 

As estatísticas do Instituto Nacional de Medicina Legal mostram que um em cada três mortos em acidentes de viação tem álcool no sangue, sugerindo que beber antes de conduzir é um factor desencadeador de acidentes graves. Ainda assim, a GNR sublinha que não há estudos que sustentem que o consumo de álcool seja “a causa primária” dos acidentes. “Sabemos, sim, e com toda a certeza, que consumir álcool afecta decisivamente a condução”, avisa Lourenço da Silva.