Fauna. Descoberta importante nos Açores

Fauna. Descoberta importante nos Açores


Um levantamento estatístico sobre as aves marinhas nos Açores permitiu descobrir, este ano, a segunda maior colónia de garajau-rosado da Europa, situada no ilhéu da Praia, junto à ilha Graciosa.


"Este ilhéu é uma das poucas zonas dos Açores onde não há perturbação, porque está mais distante de terra e está menos acessível a predadores e à perturbação humana"

O resultado do Censos 2015, realizado com o apoio de 35 vigilantes da natureza, foi hoje divulgado, na cidade da Horta, no final de uma reunião entre investigadores do Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores e o director regional dos Assuntos do Mar.

"Este estudo permitiu descobrir no ilhéu da Praia, na ilha Graciosa, a segunda maior colónica da Europa de garajau-rosado, cerca de 600 casais, o que revela que, no contexto Atlântico, os Açores têm importância para os garajaus, em particular para o garajau-rosado", explicou Verónica Neves, investigadora do DOP.

Os investigadores estimam que cerca de 50% dos garajaus-rosados em toda a Europa nidifiquem nos Açores, onde existem cerca de 35 colónias desta espécie protegida, considerada uma das 30 mais raras da Europa.

Verónica Neves explicou que a concentração de muitos casais de garajau-rosado no ilhéu da Praia poderá estar relacionada com a sua distância e o seu isolamento em relação à ilha mais próxima, a Graciosa, oferecendo condições ideais para a nidificação.

"Este ilhéu é uma das poucas zonas dos Açores onde não há perturbação, porque está mais distante de terra e está menos acessível a predadores e à perturbação humana", lembrou a investigadora, adiantando que existem outros ilhéus nos Açores que poderiam ser igualmente importantes para a nidificação do garajau-rosado, mas que atualmente registam uma "concentração humana" que "impede outros usos".

O estudo permitiu descobrir, por outro lado, que algumas das colónias de garajau-rosado no arquipélago estão a registar "problemas de predação", quer devido à presença de roedores, como de outras aves.

"Há colónias com alguns problemas de predação, como é o caso da ilha Terceira, em que há predação de gatos e ratos, documentadas com câmaras, e até colónias com problemas associados às gaivotas e aos estorninhos", frisou Verónica Neves.

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O diretor regional dos Assuntos do Mar, Filipe Porteiro, adiantou que vai arrancar este ano um projeto europeu para uniformizar metodologias e estudos relacionados com a avaliação das populações de garajau e de outras aves marinhas no Atlântico.

"O objetivo é haver uma harmonização de metodologias entre Açores, Madeira e Canárias, no âmbito da Diretiva Quadro Estratégia Marinha, que é um projeto liderado pelos Açores e que vai começar em setembro ou outubro".

O garajau-rosado é considerado uma ave marinha prioritária pela Diretiva Aves da União Europeia, com um estatuto de conservação de "perigo".

Lusa