Os correspondentes do FT em Bruxelas estão a divulgar alguns dos episódios que esta madrugada terão acontecido dentro das salas de reuniões em que os líderes foram participando. Um momento particularmente tenso aconteceu ao fim de 14 horas de negociações, quando Alexis Tsipras e Angela Merkel terão decidido encerrar as negociações por ser impossível chegar a acordo. E quando ambos se dirigiram à porta foi Donald Tusk, o presidente do Conselho Europeu, quem deu um murro na mesa. "Desculpem mas não há sequer hipótese de vocês saírem desta sala!", contam fontes comunitárias.
A discussão centrava-se na transferência de 50 mil milhões de euros em activos patrimoniais para um fundo sedeado no Luxemburgo.
A falta de sono de políticos e diplomatas, à medida que as horas iam passando, não ajudaram a que um encontro fosse rapidamente alcançado, e no decorrer da reunião parecia que a saída da Grécia era cada vez mais certa, sobretudo com o apoio da Alemanha, que está a ser apontada como a que "mais pressão fez para que um Grexit acontecesse". As palavras são de François Hollande, que afirmou ainda que recusou "essa hipótese".
O presidente francês revelou aos jornalistas, já esta manhã, que foi também dos que mais institiu para que uma eventual saída temporária da Grécia da zona euro fosse retirada do documento final. "A Grécia não precisa de caridade, mas de solidariedade da zona euro", concluiu o responsável.
Ainda sobre a Alemanha, são vários os testemunhos que afirmam que o país de Merkel foi o único a parecer que estava de má-fé dentro da reunião, o que também terá ajudado a inverter o sentimento para com a Grécia.
"Tsipras foi crucificado ali dentro", afirmou uma fonte. "Crucificado!". O primeiro-ministro grego terá ouvido mesmo uma extensa palestra do primeiro-ministro esloveno até o chefe de Governo italiano, Matteo Renzi lhe cortar a palavra.
As mesmas fontes sublinham que o Eurogrupo, no dia anterior, também já tinha sido "extremamente duro, violento mesmo", contando que a reunião foi interrompida, já de madrugada por Jeroen Dijsselbloem, depois de Schäuble ter atirado ao presidente do BCE, Mario Draghi, que "não era idiota", em resposta aos tópicos que estavam em discussão e que terão feito o ministro das finanças alemão sentir que Draghi estava a ser condescendente consigo.