Transferência de activos
Primeiro a sede seria o Luxemburgo – curiosamente num banco do qual o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, é presidente – mas no final tudo se resolveu. A Grécia terá que fazer uma transferência de activos patrimoniais no valor de 50 mil milhões de euros para um novo fundo com sede em Atenas. Esse dinheiro serve para recapitalizar a banca grega, e foi um dos pontos mais discutidos nas negociações, com Tsipras a bater o pé ao facto de ter activos fora do país.
Reestruturação da dívida
Angela Merkel garantiu que o Eurogrupo está disposto a considerar a extensão dos prazos dos empréstimos à Grécia. A Europa prometeu, assim, pelo menos discutir o assunto. Mais um ponto para Atenas.
Evitar o colapso e assegurar reembolsos
O tópico vai ser o ponto fundamental nas discussões dos próximos dias. A Grécia tem que reembolsar mais de 7 mil milhões de euros ao BCE até ao mês que vem, e dificilmente o dinheiro do resgate chegará antes disso. Os líderes concordaram em ajudar o país a escapar ao incumprimento, e também em impedir que a banca grega colapse numa altura em que as instituições já estão praticamente estranguladas.
Privatizações
Atenas compromete-se a privatizar a empresa de distribuição energética, a ADMIE, ou a arranjar uma solução estratégica que traga os mesmos resultados dentro do prazo acordado com as instituições.
Nova legislação
O Parlamento grego tem que aprovar e legislar sobre o novo pacote de austeridade antes de haver mais negociações com a Europa. Quarta-feira será o dia D, em Atenas. No final da reunião de líderes europeus, esta manhã, o primeiro-ministro grego comprometeu-se a aplicar reformas radicais para lutar contra os interesses instalados no país. "Lutámos duramente lá fora, agora temos de lutar em casa contra os interesses instalados", afirmou. "As medidas são recessivas, mas esperamos que colocar de parte o risco de Grexit faça fluir o investimento, contrariando-as". Tsipras vai enfrentar a oposição da ala mais à esquerda, numa altura em que os protestos em Atenas regressaram, com a palavra OXI (não) na ordem do dia, novamente, depois de o primeiro-ministro ter acordado um pacote de austeridade bastante mais pesado do que aquele que foi chumbado há uma semana.
Aplausos e resignação nas reacções
O primeiro-ministro grego disse-se "comprometido" com as medidas, muitas delas muito duras, importas "pelos círculos mais conservadores" da União Europeia. Na mesma ocasião, sublinhou que "o acordo foi difícil mas" que apesar de tudo conseguiu "evitar a transferência de activos patrimoniais para fora do país, o que levaria a uma asfixia" das contas gregas. "Ganhámos financiamento a médio prazo e um alívio da dívida", congratulou-se Tsipras.
O presidente francês, que foi um dos aliados gregos na tentativa de manter a Grécia na zona euro elogiou a "escolha corajosa" de Alexis Tsipras e aplaudiu a "histórica decisão" da Europa. Hollande afirmou que com este acordo, que foi aprovado por unanimidade pelos líderes da moeda única "se preservou a soberania grega".
Angela Merkel afirmou aos jornalistas que pode "dizer, com toda a convicção" que o Bundestag, o parlamento alemão, irá aprovar o início das negociações com a Grécia, mas que o parlamento grego tem que votar a favor do pacote de austeridade. "Vai ser um caminho longo e difícil", afirmou a chanceler, visivelmente cansada após a maratona negocial.
Já o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, lembrou que é preciso o parlamento grego aprovar estas medidas, e que só depois desse passo decisivo é preciso começar as "as firmes negociações para um terceiro resgate".
O chefe do governo português, Pedro Passos Coelho, disse por seu lado que "se um acordo não fosse alcançado era evidente que não havia condições para manter a Grécia na zona euro", e defendeu que o novo pacote de austeridade "não pode ser considerado uma humilhação à Grécia".