O cortejo académico de terça-feira em Braga vai homenagear os estudantes da Universidade do Minho que morreram em abril, um momento esperado pelos comerciantes que esperam que a “festa”, mesmo “fora da época”, seja uma “mais-valia” para o negócio.
\r\nEm declarações à agência Lusa, o presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM, Carlos Videira, apontou que o desfile deste ano será “como sempre” de “alegria e partilha” mas com “contornos” diferentes, já que a academia vive um momento “excecional”.
\r\nAquele que é um dos “momentos altos” do Enterro da Gata, nome dado à queima das fitas na academia de Braga, devia ter-se realizado a 14 de maio mas foi cancelado, assim como toda a semana académica, depois de três alunos da academia terem morrido na queda de um muro, a 23 de abril, durante uma brincadeira entre cursos.
\r\n“O cortejo é um momento com muito simbolismo para os estudantes, sobretudo para caloiros e finalistas. Uns porque deixam de ser caloiros, outros porque, de uma forma simbólica, se despedem da vida académica”, explicou Carlos Videira.
\r\nPor isso, explicou, o cortejo cancelado em maio foi remarcado para o feriado de 10 de junho.
“A data não foi escolhida ao acaso. Os estudantes estão numa fase de testes, daí se aproveitar o feriado. Além disso houve uma coordenação com as Escolas da universidade para que não houvesse testes próximos”, explicou o dirigente académico.
\r\nVideira acredita, assim, que “será um momento concorrido, participado e vivido, não da mesma forma que em anos anteriores mas na mesma com intensidade e sobretudo alegria e espirito de partilha”.
\r\nEste ano o desfile académico não estará subordinado a um tema, que havia já sido escolhido [A Gata troika o Paço), como é costume, podendo cada curso escolher aquilo que quer retratar.
\r\n“Sabemos que haverá homenagens aos colegas que perderam a vida em abril mas foi uma decisão de cada comissão de curso. Além disso não haverá, também, o tradicional concurso de melhor carro”, adiantou.
Mas o cortejo da academia de Braga não é só um momento esperado pelos estudantes, também os comerciantes esperam que “mesmo fora de época” a tarde de terça seja boa para o negócio.
\r\n“É uma mais-valia nas vendas que este ano não tivemos. É um dia que ficamos com o café cheio e o consumo é muito. Principalmente o de cerveja e de bolos”, disse à Lusa a dona de um dos cafés junto ao ponto de partida do cortejo.
\r\n“A gente sabe que eles estão de luto e até endentemos. Mas de luto ou sem luto eles querem é cerveja e espero que amanhã seja assim”, confessou o gerente de um outro café pelo qual passará o desfile.
\r\nÉ ainda um dia de “boas vendas” para floristas e vendedoras ambulantes.
“Há sempre uma mãe que quer dar um raminho ao filho ou filha e nós sempre fazemos negócio”, referiu Ana Maria, vendedora de flores perto do cemitério de Braga, local de passagem do cortejo.
\r\nO cortejo académico realiza-se integrado no Enterro da Gata desde 1989 e, este ano, contará com a participação de mais de 50 carros de cursos de instituições de Ensino Superior do Minho.
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*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico aplicado pela agência Lusa