Dezenas que fecham portas, outras tantas em risco de fechar a juntar ao grupo das que têm de se readaptar e reduzir horários ou de se integrar num bar ou restaurante, para ajudar aos custos. No arranque de 2013, já os especialistas avisavam: culpa dos cortes, a situação das bibliotecas públicas, no Reino Unido, tinha tudo para piorar. Manifestações, campanhas e petições têm defendido a causa: Phil Bradley encaixa-se no grupo dos mais originais a fazê-lo. Cartazes antigos serviram de base para uma luta que cabe a todos e a cada um.
As imagens são-nos familiares e não passam despercebidas. As figuras são recuperadas da Primeira e Segunda Grande Guerra. Bradley, bibliotecário e blogger, conta-nos o porquê de manipular os exemplares: “As imagens são, geralmente, muito poderosas, com uma mensagem simples, básica. Geralmente são imagens muito imediatas, o que é importante se as pessoas quiserem imprimi-las para usar durante protestos para salvar as suas bibliotecas. Também de uma perspectiva muito prática, as imagens são do domínio público, o que quer dizer que qualquer pessoa pode usar os originais e isso queria dizer que não tinha de pedir autorização a ninguém.” Há que fazer a ressalva, a ideia não é incentivar à luta armada, nada disso: “A palavra guerra parece-me, talvez, ligeiramente exagerada, mas bibliotecários, bibliotecas e seus serviços estão certamente sob ataque.”
Um programa básico de photoshop foi ferramenta suficiente para Bradley, que não tem qualquer formação em design gráfico, fazer a magia acontecer. A ideia, que ganhou corpo em 2011, continua a circular na internet e redes sociais e Bradley, em 2014, continua a ter bom feedback e a ver os posters na linha da frente de protestos.
Numa altura em que o acesso à internet ainda não é totalmente democrático e em que a burocracia cada vez mais assume formato virtual, as bibliotecas são espaços fundamentais, defende: “Têm um valor incalculável para a comunidade, de várias maneiras, não só a disponibilizar livros, música e filmes, mas como um sítio seguro para as crianças poderem fazer os trabalhos de casa, para desempregados que procuram novos trabalhos e carreiras, para pessoas que precisam de ajuda e dicas em assuntos legais, também para grupos se encontrarem, para aprender e explorar. Fechar uma biblioteca é um ataque à comunidade.”
Para Bradley, a evolução social e tecnológica, que abraça novas formas de desfrutar da leitura, não é um obstáculo a ultrapassar, mas uma oportunidade. “A chegada dos livros em formato electrónico significa que as bibliotecas têm a possibilidade de fazer muito mais e chegar a mais públicos. Agora, as pessoas podem nem vir à biblioteca, a biblioteca pode ir até elas.”
Defender os princípios-base de uma democracia e do acesso à informação são os grandes temas que se abordam quando falamos de bibliotecas, adianta. Bradley não reclama os direitos das imagens, só pede que se espalhe a palavra. “Usem-nos online, em sites, páginas de Facebook, blogues, ou imprimam-nos e usem em protestos, ou colem às paredes – tudo o que ajude a passar a mensagem de que as bibliotecas são um direito e existem para que todos as usem.”