República Checa. As piores inundações em dez anos ameaçam submergir Praga


Apoiados pelos militares e por voluntários, os bombeiros de Praga ergueram barreiras de metal e muros com sacos de areia na luta para suster o rio Vltava no seu leito. As escolas foram fechadas, a maioria dos transportes públicos não estão a funcionar e a Ponte Carlos, que num dia normal estaria congestionada pelos milhares…


Apoiados pelos militares e por voluntários, os bombeiros de Praga ergueram barreiras de metal e muros com sacos de areia na luta para suster o rio Vltava no seu leito. As escolas foram fechadas, a maioria dos transportes públicos não estão a funcionar e a Ponte Carlos, que num dia normal estaria congestionada pelos milhares de turistas que sempre a assaltam, ficou sem vida depois das autoridades locais a terem encerrado.

As inundações estão também a afectar grandemente a Alemanha, Eslováquia, Hungria e Polónia, e causaram uma forte quebra das acções de algumas seguradoras europeias, com os mercados a anteciparem os pedidos de indemnização pelos proprietários assim que o nível das águas volte a descer.

As chuvadas torrenciais que nos últimos dias caíram na Europa central transformaram os rios que ali correm placidamente em torrentes lamacentas que causaram já a morte de pelo menos oito pessoas e destruíram dezenas de casas e edifícios.

Mais de 7 mil pessoas foram evacuadas na República Checa, e o primeiro-ministro, Petr Necas, adiantou que tinha já ordenado que fossem disponibilizados fundos de emergência para apoiar as pessoas que perderam as suas habitações devido às inundações. Já o ministro da Saúde, Leos Heger, alertou para o perigo da propagação de doenças transmitidas pelas águas, que estão também a causar problemas no fornecimento de água e que lançaram os detritos dos esgotos nas ruas.

Na Alemanha, 1760 soldados foram destacados para ajudar em Passau, no sul do país, numa altura em que as enchentes atingiram já o centro desta cidade, ultrapassando a anterior marca d”água, que chegou ao ponto mais elevado nas inundações de 1954. A situação foi descrita como “extremamente dramática” por Herbert Zillinger, um porta-voz do centro de emergência de Passau.

A chanceler Angela Merkel irá realizar nos próximos dias uma visita a algumas das regiões mais afectadas “para obter a sua própria impressão sobre a situação”, disse o seu porta-voz, Steffen Siebert.

Mais a sul, as cidades de Bratislava (Eslováquia) e Budapeste (Hungria) faziam os preparativos para enfrentarem as enchentes à medida que as águas desciam o rio Danúbio, já com as suas margens bastante dilatadas, enquanto a norte, na Polónia, o alerta soou em dezenas de cidades próximas da fronteira checa, com os níveis de água nos rios do país vizinho muito elevados.

Estas são as piores enchentes a atingir a República Checa desde as de 2002, que causaram a morte de 17 pessoas e 20 mil milhões de euros em prejuízos tendo deixado uma grande parte de Praga inundada. Desta vez, as autoridades checas acreditam que as defesas da capital contra as enchentes devem aguentar-se, mas antecipam uma nova subida do nível das águas na manhã de hoje.