Papa Bento XVI condena as perseguições aos cristãos no Médio Oriente


Diante mais de 100 mil pessoas, que assistiam na praça de São Paulo à celebração da missa de domigo de Páscoa, o Papa Bento XVI apelou à paz e à reconciliação entre os povos, em particular,


Diante mais de 100 mil pessoas, que assistiam na praça de São Paulo à celebração da missa de domigo de Páscoa, o Papa Bento XVI apelou à paz e à reconciliação entre os povos, em particular, na Síria, Mali e Nigéria. Na mensagem urbi et orbi, pronunciada no fim da cerimónia, o Santo Padre aproveitou a ocasião para condenar “as discriminações e perseguições” sofridas pelos cristãos, especialmente no Médio Oriente.


Ainda ontem, pelo menos 20 pessoas morreram num atentado em frente a uma igreja no estado nigeriano de Kaduna. De acordo com uma fonte citada pela AFP e que pediu anonimato, houve “uma dupla explosão” de bombas que “foram colocadas em dois carros e explodiram mesmo em frente à igreja”. Apesar do atentado não ter sido ainda reivindicado por qualquer grupo radical, os fundamentalistas islamitas do Boko Haram – responsável pelos ataques no Natal do ano passado que provocaram pelo menos 40 mortos no norte da Nigéria – ameaçou recentemente atacar comunidades cristãs durante a semana santa.


“Que na Síria cesse o derramamento de sangue e se inicie sem demora a via do respeito, do diálogo e da reconciliação, como também defende a comunidade internacional”, clamou o Papa, para, em seguida, condenar a violência na Nigéria, “cenário, nos últimos tempos, de sangrentos atentados terroristas”. “Que a alegria pascal lhes conceda [aos nigerianos] as energias necessárias para recomeçar a construir uma sociedade pacífica e que respeite a liberdade religiosa dos seus cidadãos”, sublinhou.


Após a missa pronunciada em italiano na praça enfeitada com mais de 400 mil flores, o Sumo Pontífice, que vai fazer 85 anos no dia 16, desejou uma Feliz Páscoa em 65 línguas, entre elas, árabe, japonês e hindu. A cerimónia foi transmitida ao vivo para vários países do mundo.


E porque as ameaças à fé cristã foram o tema central das mensagens de Páscoa de Bento XVI, também na vigília de sábado o Papa aproveitou para relembrar o perigo que o homem contemporâneo enfrenta com a “escuridão sobre Deus e os valores”, numa época em que os seus conhecimentos lhe podem dar um poder “incrível”. “Se Deus e os valores, diferentemente do bem e do mal, permanecerem na escuridão, então todas as outras iluminações que nos dão um poder tão incrível, não são apenas progresso, mas são, ao mesmo tempo, ameaças que nos colocam em perigo, nós e o mundo”, advertiu o Papa. “Hoje podemos iluminar as nossas cidades de forma tão deslumbrante que já não podemos ver as estrelas do céu (…). Nas coisas materiais, sabemos e podemos tanto, mas já não conseguimos identificar o que vai além disso, Deus e o bem”, explicou.


Bento XVI também falou da necessidade de união dentro da própria Igreja, actualmente ameaçada pelas correntes divergentes. Para isso recorreu à imagem da cera do círio pascal. “A cooperação da comunidade viva dos fiéis na Igreja é algo parecido ao trabalho das abelhas.”


O Vaticano anunciou ontem a visita de Bento XVI ao Líbano entre os dias 14 e 16 de Setembro com o objectivo de enviar uma mensagem de paz e unidade aos cristãos do Médio Oriente.