Durban. O acordo da UE não agrada muito mas é o único em cima da mesa


O mote daquilo que tinha sido alcançado ao princípio da noite do último de 12 dias de negociações na Conferência sobre Alterações Climáticas de Durban, na África do Sul, foi dado ontem pela Aliança das Pequenas Ilhas-Estado (AOSIS). O acordo alcançado “não tem ambição suficiente, o marco legal é ambíguo e, para nós, o prazo…


O mote daquilo que tinha sido alcançado ao princípio da noite do último de 12 dias de negociações na Conferência sobre Alterações Climáticas de Durban, na África do Sul, foi dado ontem pela Aliança das Pequenas Ilhas-Estado (AOSIS). O acordo alcançado “não tem ambição suficiente, o marco legal é ambíguo e, para nós, o prazo não funciona”, disse a representante de Granada na ONU, Dessima Williams.

Para as pequenas ilhas-Estado a ameaça de desaparecer é um problema real, porque a água está a subir devido ao degelo causado pelo aumento da temperatura.

“A maior parte das medidas só vão ser adoptadas depois de 2020, o que não é suficientemente cedo para nós”, acrescentou Williams.

Ontem, os países mais pobres do mundo e a AOSIS formaram um pacto com a União Europeia (UE) para exigir a assinatura de um acordo global que não propõe a extensão do protocolo de Quioto mas sim que todos os países se comprometessem, em Durban, a chegar a um novo acordo juridicamente vinculativo até 2015, de modo a poder entrar em vigor talvez em 2020.

Todd Stern, chefe da delegação norte-americana, manifestou o seu apoio ao roteiro da UE para negociar um acordo sobre limites às emissões de carbono a partir de 2020. O enviado especial dos EUA adiantou que a cimeira estava a “criar” um fundo “verde” no valor de 75 mil milhões de euros para ajudar as nações em desenvolvimento a adaptarem-se às mudanças do clima.

Também o ministro do Ambiente do Canadá, Peter Kent, disse apoiar a proposta da UE, depois de na quarta-feira ter anunciado que se preparava para abandonar o Protocolo de Quioto.

Quem ontem ao princípio da noite se mostrava completamente contrário ao acordo era a China. O representante chinês, Su Wei, disse ao “Guardian” que a proposta era inaceitável por ser um golpe de misericórdia contra Quioto. “Isto mata o Protocolo de Quioto. Eles querem acabar com o protocolo”.

A UE só aceita um “segundo período de compromisso” em relação às emissões a partir de 2012 e até 2020, no caso de todos os países assinarem o seu roteiro. O acordo continuava ao fecho desta edição a ser negociado, porque também o grupo das 54 nações africanas não concordava com o que estava na proposta. “Não estamos contentes com o texto. Isto é ainda o primeiro rascunho. Vamos ter uma noite longa”, referiu Seyni Nato aos enviados especiais do “Guardian”.

A proposta da UE visa lançar uma negociação de quatro anos para alcançar um novo tratado para substituir Quioto que começa a expirar em 2012. O texto europeu estabelece o compromisso de ter um acordo em 2015 sem se comprometer com 2020 para a entrada em vigor, nem as condições do mesmo. E se aceitar estes termos está a ser complicado, a negociação para reduzir o valor das emissões de cada um dos 194 países presentes parece inalcançável em Durban.