A sucessão no PSD


Subitamente começou a falar-se na sucessão de Passos Coelho.Os argumentos são dois:  1. Não consegue mudar de discurso, continuando virado para o passado; 2. O PSD não descola nas sondagens, vendo o PS afastar-se. A favor do líder do PSD, há basicamente o seguinte: 1. Ganhou as eleições; 2. Tem uma imagem de honestidade; 3.…


Subitamente começou a falar-se na sucessão de Passos Coelho.Os argumentos são dois: 

1. Não consegue mudar de discurso, continuando virado para o passado;

2. O PSD não descola nas sondagens, vendo o PS afastar-se.

A favor do líder do PSD, há basicamente o seguinte:

1. Ganhou as eleições;

2. Tem uma imagem de honestidade;

3. É ideologicamente coerente.

Considero que Pedro Passos Coelho tem feito uma oposição adequada.

Não aparece muito e sobretudo não aparece aos gritos. 

A presença constante na TV provoca um desgaste brutal de imagem, pelo que não é sustentável durante muito tempo (veja-se o que sucedeu a António José Seguro).

Além disso, tem uma postura tranquila e civilizada, que não se torna irritante para as pessoas.

Não é bem um líder da oposição – é uma espécie de primeiro-ministro na reserva, que poderá voltar ao poder quando este Governo falhar. 

Apesar da oposição ‘português suave’ e não demagógica que Passos Coelho tem feito, é acusado por António Costa de estar sempre a anunciar a chegada do Diabo, que nunca chega.

É um bocado ridículo Costa dizer isto, depois da oposição que o PS fez durante os anos da troika.

Muito embora tenham sido eles a assinar o Memorando, os socialistas aliaram-se à extrema-esquerda para atacar sem pudor o Governo que se dispôs a cumpri-lo.

Se alguém não podia falar de uma oposição destrutiva, esse alguém era António Costa.  

Parece impossível que o faça. 

Quanto às sondagens, é natural que o PS suba e o PSD não.

O PS tem estado a devolver salários e pensões e tem feito boa propaganda disso – e ninguém vai estar contra um Governo que devolve rendimentos.

Até porque vários impostos que o Executivo criou ou aumentou são ‘invisíveis’. 

Eles estão lá, mas não se dá por eles. 

E a paz social decretada pela CGTP e pela Fenprof, em contraste com a agitação dos anos da troika, transmitem uma ideia de acalmia nas ruas que contribui para a sensação geral de normalidade.

Assim, o Governo continua num certo estado de graça um ano depois de tomar posse.

Mas vamos à questão de fundo: a oposição que o PSD faz é certa ou errada?

É óbvio que o PSD não pode dizer o contrário do que dizia quando era Governo.

Não pode prometer nada.

Não pode prometer melhores salários nem melhores pensões.

E as reformas estruturais que propuser para a economia crescer sustentadamente (e não estribada sobretudo no turismo, como aconteceu neste trimestre) serão sempre rejeitadas frontalmente pelos sindicatos. 

Assim, resta a Passos Coelho esperar que  os números comecem a provar que por este  caminho não vamos lá.

Não lhe interessa acelerar o calendário político, nem tem maneira de o fazer.

Neste quadro, as eleições autárquicas vão ser muito importantes para o líder do PSD.

Se perder em Lisboa, Porto e Coimbra, sairá como derrotado, mesmo que ganhe em todos os outros concelhos.

Ora, Porto e Coimbra estão perdidos, restando Lisboa.

Uma vitória na capital é, por isso, decisiva.

Mas só será possível se PSD e CDS concorrerem juntos.

Separados perderão por muitos.

E, como Assunção Cristas já anunciou a candidatura, o PSD só tem uma hipótese: aceitá-la.

Acresce que não tem razões para não o fazer, pois Cristas é uma excelente candidata.

O PSD não dispõe de melhor.

E se Passos Coelho aparecer na campanha de braço dado com ela, no fim será um dos vencedores.

Com a vantagem de que, se tirarem Lisboa ao PS, Passos e Cristas transmitirão a ideia de que também poderão fazê-lo no país.

Lisboa é, neste momento, a esperança de Pedro Passos Coelho. 

Se não a agarrar, afunda-se.

Os que no PSD recusam uma coligação com o CDS em Lisboa são os que desejam uma derrota do seu partido – para depois exigirem a pele do líder.

Já agora, se isto acontecer, quem poderá ser o próximo presidente?

Fala-se muito em Rui Rio, mas eu tenho sérias dúvidas.

Ele tem colado ao corpo um rótulo de regionalismo que não será fácil apagar.

Também se fala de Luís Montenegro, que teria o apoio de Miguel Relvas e do próprio Marcelo Rebelo de Sousa.

Mas quererá o PSD render-se ao segundo e ficar nos braços do primeiro?

Tenho para mim que a melhor candidata seria Maria Luís Albuquerque.

É mulher, tem um discurso cortante e transmite uma imagem determinada e competente.

Mas, por enquanto, Passos Coelho ainda tem todas as cartas na mão. 

P.S.1 – É surpreendente o estardalhaço que se tem feito com o crescimento do PIB. No ano passado, houve trimestres com números melhores do que este e não me lembro de ninguém deitar foguetes. Pior: António Costa (sim, este Costa) criticava esses números, dizendo que eram «poucochinho»! 

P.S. 2 – Já disse tudo o queria dizer sobre a CGD há quinze dias. Só quero reforçar dois pontos em forma de perguntas:

1. O Governo quis a Caixa 100% pública para depois a gerir desta maneira?

2. O que estão a esconder os novos administradores da Caixa? Dir-se-á que não apresentam as declarações por uma questão de princípio. Não é verdade. Eles puseram essa condição ao Governo, que a aceitou. Portanto, queriam desde o início esconder o seu património. Ora, quem esconde o património merece confiança para administrar um banco público?  
 


A sucessão no PSD


Subitamente começou a falar-se na sucessão de Passos Coelho.Os argumentos são dois:  1. Não consegue mudar de discurso, continuando virado para o passado; 2. O PSD não descola nas sondagens, vendo o PS afastar-se. A favor do líder do PSD, há basicamente o seguinte: 1. Ganhou as eleições; 2. Tem uma imagem de honestidade; 3.…


Subitamente começou a falar-se na sucessão de Passos Coelho.Os argumentos são dois: 

1. Não consegue mudar de discurso, continuando virado para o passado;

2. O PSD não descola nas sondagens, vendo o PS afastar-se.

A favor do líder do PSD, há basicamente o seguinte:

1. Ganhou as eleições;

2. Tem uma imagem de honestidade;

3. É ideologicamente coerente.

Considero que Pedro Passos Coelho tem feito uma oposição adequada.

Não aparece muito e sobretudo não aparece aos gritos. 

A presença constante na TV provoca um desgaste brutal de imagem, pelo que não é sustentável durante muito tempo (veja-se o que sucedeu a António José Seguro).

Além disso, tem uma postura tranquila e civilizada, que não se torna irritante para as pessoas.

Não é bem um líder da oposição – é uma espécie de primeiro-ministro na reserva, que poderá voltar ao poder quando este Governo falhar. 

Apesar da oposição ‘português suave’ e não demagógica que Passos Coelho tem feito, é acusado por António Costa de estar sempre a anunciar a chegada do Diabo, que nunca chega.

É um bocado ridículo Costa dizer isto, depois da oposição que o PS fez durante os anos da troika.

Muito embora tenham sido eles a assinar o Memorando, os socialistas aliaram-se à extrema-esquerda para atacar sem pudor o Governo que se dispôs a cumpri-lo.

Se alguém não podia falar de uma oposição destrutiva, esse alguém era António Costa.  

Parece impossível que o faça. 

Quanto às sondagens, é natural que o PS suba e o PSD não.

O PS tem estado a devolver salários e pensões e tem feito boa propaganda disso – e ninguém vai estar contra um Governo que devolve rendimentos.

Até porque vários impostos que o Executivo criou ou aumentou são ‘invisíveis’. 

Eles estão lá, mas não se dá por eles. 

E a paz social decretada pela CGTP e pela Fenprof, em contraste com a agitação dos anos da troika, transmitem uma ideia de acalmia nas ruas que contribui para a sensação geral de normalidade.

Assim, o Governo continua num certo estado de graça um ano depois de tomar posse.

Mas vamos à questão de fundo: a oposição que o PSD faz é certa ou errada?

É óbvio que o PSD não pode dizer o contrário do que dizia quando era Governo.

Não pode prometer nada.

Não pode prometer melhores salários nem melhores pensões.

E as reformas estruturais que propuser para a economia crescer sustentadamente (e não estribada sobretudo no turismo, como aconteceu neste trimestre) serão sempre rejeitadas frontalmente pelos sindicatos. 

Assim, resta a Passos Coelho esperar que  os números comecem a provar que por este  caminho não vamos lá.

Não lhe interessa acelerar o calendário político, nem tem maneira de o fazer.

Neste quadro, as eleições autárquicas vão ser muito importantes para o líder do PSD.

Se perder em Lisboa, Porto e Coimbra, sairá como derrotado, mesmo que ganhe em todos os outros concelhos.

Ora, Porto e Coimbra estão perdidos, restando Lisboa.

Uma vitória na capital é, por isso, decisiva.

Mas só será possível se PSD e CDS concorrerem juntos.

Separados perderão por muitos.

E, como Assunção Cristas já anunciou a candidatura, o PSD só tem uma hipótese: aceitá-la.

Acresce que não tem razões para não o fazer, pois Cristas é uma excelente candidata.

O PSD não dispõe de melhor.

E se Passos Coelho aparecer na campanha de braço dado com ela, no fim será um dos vencedores.

Com a vantagem de que, se tirarem Lisboa ao PS, Passos e Cristas transmitirão a ideia de que também poderão fazê-lo no país.

Lisboa é, neste momento, a esperança de Pedro Passos Coelho. 

Se não a agarrar, afunda-se.

Os que no PSD recusam uma coligação com o CDS em Lisboa são os que desejam uma derrota do seu partido – para depois exigirem a pele do líder.

Já agora, se isto acontecer, quem poderá ser o próximo presidente?

Fala-se muito em Rui Rio, mas eu tenho sérias dúvidas.

Ele tem colado ao corpo um rótulo de regionalismo que não será fácil apagar.

Também se fala de Luís Montenegro, que teria o apoio de Miguel Relvas e do próprio Marcelo Rebelo de Sousa.

Mas quererá o PSD render-se ao segundo e ficar nos braços do primeiro?

Tenho para mim que a melhor candidata seria Maria Luís Albuquerque.

É mulher, tem um discurso cortante e transmite uma imagem determinada e competente.

Mas, por enquanto, Passos Coelho ainda tem todas as cartas na mão. 

P.S.1 – É surpreendente o estardalhaço que se tem feito com o crescimento do PIB. No ano passado, houve trimestres com números melhores do que este e não me lembro de ninguém deitar foguetes. Pior: António Costa (sim, este Costa) criticava esses números, dizendo que eram «poucochinho»! 

P.S. 2 – Já disse tudo o queria dizer sobre a CGD há quinze dias. Só quero reforçar dois pontos em forma de perguntas:

1. O Governo quis a Caixa 100% pública para depois a gerir desta maneira?

2. O que estão a esconder os novos administradores da Caixa? Dir-se-á que não apresentam as declarações por uma questão de princípio. Não é verdade. Eles puseram essa condição ao Governo, que a aceitou. Portanto, queriam desde o início esconder o seu património. Ora, quem esconde o património merece confiança para administrar um banco público?