Lajes. Seria “imediatista” desconsiderá-las, diz Seixas da Costa

Lajes. Seria “imediatista” desconsiderá-las, diz Seixas da Costa


Santos Silva afirmou no fim-de-semana que há “novas condições para examinar as Lajes”. Especialistas dividem-se 


O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, afirmou no passado fim-de-semana, no seguimento da eleição do republicano Donald Trump para a Casa Branca, que haverá “novas condições para examinar as Lajes”, que sofreram uma diminuição do contigente norte-americano durante a administração de Barack Obama, numa decisão oriunda do Pentágono.

Ao i o embaixador Seixas da Costa, sustenta a tese de Santos Silva, a partir de uma avaliação do atual estado das relações entre Washington e Moscovo.

Para Seixas da Costa, a “reavaliação das Lajes tem sentido por ser uma base que um país como os EUA não pode dispensar”. “Estariam a ser imediatistas e economicistas”, aponta Seixas da Costa, que vê com naturalidade que “uma nova administração traga um novo olhar sobre o assunto”.

O diplomata, já aposentado, e que passou na vida ativa por representações diplomáticas como as Nações Unidas, França, Brasil e Unesco, considerou mesmo que a aparente proximidade a Vladimir Putin, que marcou a campanha vitoriosa de Donald Trump, “pode não ser genuína”. 

“Não tenho a certeza que a prazo muito curto – mesmo de meses – uma administração Trump não seria uma administração com um grau de tensão com a Rússia”. Seixas da Costa lembrou ainda ter escutado, recentemente na Ucrânia, Newt Gingrich, potencial Secretário de Estado de Trump, descrevendo-o como um homem de “discurso anti-russo fortíssimo”.

Sabemos Pouco Por sua vez, o académico João Pereira Coutinho avançou ao i uma análise prudente. “O assunto depende de qual for a política externa de Donald Trump. E tudo o que diz respeito a Donald Trump tem revelado indefinição”.

Para o professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica, o protagonismo da Base das Lajes de vários fatores. Ou seja, dependerá da “importância dada pela administração de Trump à NATO”, assim como da “continuação do Leste como prioridade dos Estados Unidos, numa lógica de contenção da ameaça russa” (e dos pressupostos do pós-segunda Guerra) ou ainda “se a postura isolacionista de Trump, num apaziguamento perante as políticas de Vladimir Putin, se concretizar”. 

Tendo isto em conta, “as declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros podem ter sido mais diplomáticas do que políticas”, concluiu Pereira Coutinho. “Nada depende de nós e sabemos muito pouco do Sr. Trump”.

Indesmentível é que o presidente eleito continua a marcar a agenda diplomática europeia. Depois um jantar de emergência no domingo dos mne´s europeus, seguiu-se, no dia seguinte uma nova reunião, desta vez juntando os Negócios Estrangeiros com a Defesa. Mas a diplomacia portuguesa corre serena. Santos Silva, além de uma declaração ao Expresso em que abordou o tema Base das Lajes, assinou também um artigo no Público a condenar “a hegemonia do populismo na Europa”, sem qualquer referência aos EUA.