Catarina não cala mas consente


Catarina Martins continua a jogar o jogo de ora se identificar, ora se demarcar do governo.


No debate quinzenal da passada sexta-feira, Catarina Martins deixou bem claro o seu apoio ao imposto sobre o imobiliário “de luxo” recém--criado pelo governo. No seu entender, a medida justifica-se porque, nos anos da coligação PSD/CDS, “os milionários não pararam de crescer”. Como tal, não só é admissível como até da mais elementar justiça que os ricos paguem mais impostos em benefício dos carenciados.

O princípio parece inatacável, mas qual é o limite para taxar a riqueza? Até onde é legítimo “espremer” os milionários em nome da equidade social? Até deixarem de ser ricos?

Por outro lado, temos de ter noção de que a diabolização da riqueza não vai levar a nossa economia a lado nenhum. Qual é o capitalista que vai querer investir num país onde o poder político lhe faz saber que não é bem-vindo?

Já ontem, a líder do Bloco pronunciou-se no parlamento sobre os salários principescos da nova administração da Caixa Geral de Depósitos. Coerentemente com o que dissera há uma semana, afirmou que “o salário milionário dos administradores [da CGD] é pura e simplesmente inaceitável”.

O que significa este “inaceitável”? Suspeito que muito pouco. Catarina Martins continua a jogar o jogo de ora se identificar, ora se demarcar do governo. Hoje diz que “todos os dias se arrepende” – mas mantém o pacto com Costa. Amanhã diz que “este não é um Orçamento de esquerda” – mas viabiliza-o. No outro dia considera os salários na CGD “inaceitáveis” – mas acaba por ter de os aceitar.

É caso para dizer que o Bloco não cala – é verdade –, mas consente.


Catarina não cala mas consente


Catarina Martins continua a jogar o jogo de ora se identificar, ora se demarcar do governo.


No debate quinzenal da passada sexta-feira, Catarina Martins deixou bem claro o seu apoio ao imposto sobre o imobiliário “de luxo” recém--criado pelo governo. No seu entender, a medida justifica-se porque, nos anos da coligação PSD/CDS, “os milionários não pararam de crescer”. Como tal, não só é admissível como até da mais elementar justiça que os ricos paguem mais impostos em benefício dos carenciados.

O princípio parece inatacável, mas qual é o limite para taxar a riqueza? Até onde é legítimo “espremer” os milionários em nome da equidade social? Até deixarem de ser ricos?

Por outro lado, temos de ter noção de que a diabolização da riqueza não vai levar a nossa economia a lado nenhum. Qual é o capitalista que vai querer investir num país onde o poder político lhe faz saber que não é bem-vindo?

Já ontem, a líder do Bloco pronunciou-se no parlamento sobre os salários principescos da nova administração da Caixa Geral de Depósitos. Coerentemente com o que dissera há uma semana, afirmou que “o salário milionário dos administradores [da CGD] é pura e simplesmente inaceitável”.

O que significa este “inaceitável”? Suspeito que muito pouco. Catarina Martins continua a jogar o jogo de ora se identificar, ora se demarcar do governo. Hoje diz que “todos os dias se arrepende” – mas mantém o pacto com Costa. Amanhã diz que “este não é um Orçamento de esquerda” – mas viabiliza-o. No outro dia considera os salários na CGD “inaceitáveis” – mas acaba por ter de os aceitar.

É caso para dizer que o Bloco não cala – é verdade –, mas consente.